O governador Roberto Requião (PMDB) está tentando encontrar um caminho para devolver à União as delegações das rodovias federais que o governo do Estado recebeu em 1998, quando foi implantada a cobrança de pedágio no Estado.

continua após a publicidade

Requião determinou ao Procurador Geral do Estado, Carlos Frederico Marés, que analise as possibilidades legais existentes para restituir as estradas ao governo federal.

Uma das hipóteses estudadas pelo governo é o instrumento jurídico denominado denúncia do contrato firmado pelo ex-governador Jaime Lerner, o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), a União e as seis empresas concessionárias do pedágio, que cobram a tarifa em 2,5 mil quilômetros de estradas.

Sugerida pelo líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), a denúncia teria como base a decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) que determinou à Polícia Rodoviária Federal que substituísse a Polícia Militar na fiscalização dos trechos federais no Paraná com a justificativa de que a jurisdição sobre as estradas federais é indelegável. Contrariado com a medida, que também resultou em perda de receita com a cobrança das multas, o governo do Estado quer dar o troco na mesma moeda.

continua após a publicidade

Ontem, durante a reunião da Operação Mãos Limpas, Requião disse que se o governo do Estado não pode fazer a fiscalização, também não ficará responsável pela cobrança do pedágio.

“Se a jurisdição da fiscalização policial é indelegável, as estradas também são indelegáveis. O Judiciário diz que a delegação é impossível. Isso vale também para as concessões de pedágio que foram licitadas pela administração estadual anterior”, argumentou.

continua após a publicidade

Sem comparação

Não é a primeira vez que o governo do Paraná cogita transferir as estradas privatizadas novamente para a União. Em situações de confronto com as concessionárias em anos anteriores, quando foi derrotado judicialmente e pediu, mas não teve o apoio do governo federal contra as empresas, Requião já mencionava que iria devolver as delegações.

Com a implantação das novas concessões da União para a iniciativa privada no Paraná, este ano, a revolta do governador foi acentuada pela diferença de valores entre as tarifas.

Numa das estradas leiloadas, a BR-376, o contribuinte paga no máximo R$ 2 para percorrer os trezentos quilômetros de Curitiba a Florianópolis. Nas concessões de 2008, o cidadão paranaense desembolsa R$ 12, 50 para chegar ao litoral do Estado. Este exemplo foi citado ontem pelo governador durante a reunião.

“Não queremos o pedágio no Paraná e muito menos administrar um problema rigorosamente absurdo contra o qual não temos conseguido nada junto ao poder Judiciário brasileiro”, afirmou o governador.