Para Kátia Abreu, Lula precisa fazer papel de árbitro

Chegou a hora de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrar diretamente nas questões que dividem o setor agrícola e o meio ambiente e atuar como um árbitro das decisões mais difíceis. Esse foi o pedido feito pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), ontem, durante jantar com a bancada ruralista e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. “Ser presidente é uma honraria para qualquer brasileiro e tem seus bônus, mas tem seus ônus também”, avaliou a senadora. “Quem tem que fazer o papel de árbitro é o presidente”, continuou.

Segundo ela, é necessário que o governo defina claramente a questão das áreas desmatadas no País para evitar a existência de brechas utilizadas pelo Judiciário. Kátia comentou que o propósito do jantar foi discutir o projeto que altera o Código Florestal. No entanto, informou, questões como a Operação Abate, da Polícia Federal e Ministério Público Federal, em Rondônia, e o boicote de grandes redes de supermercados à aquisição de carnes provenientes de áreas que teriam sofrido desmatamento no Pará acabaram por dominar o encontro. “O governo precisa dar uma solução para esse tipo de ocorrência, pois, afinal, a exportação da carne corresponde a R$ 5,5 bilhões para o Brasil”, afirmou, destacando a necessidade de um marco relatório sobre desmatamento.

Para a senadora, se houver racionalidade na condução do tema, os ruralistas ficarão satisfeitos. “Mas precisamos saber se o Brasil tem condições de diminuir seu PIB (Produto Interno Bruto) neste momento para plantar árvores. Os ruralistas não são heróis e quem tem que falar pelo Brasil é o presidente”, observou. Ela acredita que o papel de Lula é fundamental nessa questão ambiente versus agricultura porque se o assunto for tratado por um ou outro segmento, não haverá imparcialidade. “É preciso acabar com o debate que existe hoje, que é em forma de torcida.”

Especificamente sobre a Operação Abate, a senadora mostrou preocupação com a repercussão da notícia para as exportações brasileiras. “Não dá para exigir sensibilidade do Ministério Público”, ironizou. “Por isso tudo é preciso que o presidente tenha iniciativa e traga um debate racional sobre o tema”, disse.