O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que os partidos vão tentar convocar o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, para dar explicações no Senado. A razão é que o próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a declarar que, se Bebianno estiver envolvido em esquema de desvios de recursos do Fundo Partidário para candidaturas laranjas, terá de “voltar às suas origens”.

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“O presidente Jair Bolsonaro deveria utilizar as prerrogativas de presidente. O presidente tem uma caneta, que ele a utilize ou num processo de investigação ou para demitir o ministro. Se tem alguma dúvida sobre o seu ministro, (Bolsonaro) deve tomar providências de demitir ou apurar as graves denúncias que pesam sobre o ministro”, afirmou. “Nós da oposição iremos chamar o ministro para dar explicações; ao que me parece ele tem informações gravíssimas”, disse.

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Randolfe explicou que a oposição tentará convocar Bebianno para dar explicações em todas as comissões possíveis do Senado. E disse ainda que, caso o ministro seja demitido, os partidos vão convidá-lo para vir ao Congresso, já que, neste caso, ele não seria obrigado a responder as dúvidas dos parlamentares. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar suspeitas de desvios de recursos do Fundo Partidário destinados ao PSL por meio de supostas candidaturas laranjas nas eleições de 2018. Bebianno presidiu o partido durante o período eleitoral.

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O líder da oposição ainda recomendou que o governo separe as atividades palacianas das questões familiares. Isso porque, na quarta-feira, 13, em uma publicação no Twitter, um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), disse que Bebianno mentiu ao afirmar que teria conversado com o presidente e divulgou um áudio com a suposta negativa de Bolsonaro. Mais tarde, o próprio presidente retuitou o post do filho e repetiu, em entrevista à Record TV, que o seu ministro estaria mentindo.

“Esse tipo de crise é muito ruim para a República e para o próprio governo. Não me parece apropriado que o presidente fique fazendo retuíte de tuíte do filho. O governo tem de começar e poderia tomar algumas providências básicas para começar: separar a família do Palácio do Planalto. O Planalto é lugar de governo, a família trata das coisas no máximo no Palácio da Alvorada. Ou o presidente arque com o ônus de nomear o seu filho, vereador no Rio, para algum cargo no governo. O povo elegeu Jair Bolsonaro, não me consta que tenha sido eleito ou nomeado como porta-voz o senhor Carlos Bolsonaro”, afirmou Randolfe.

O senador da Rede Sustentabilidade afirmou acreditar que não haja mais condições para Bebianno permanecer no cargo e ironizou o episódio todo, ao dizer que o governo Jair Bolsonaro não está deixando espaço para a própria oposição trabalhar, já que os problemas vieram à tona por iniciativa dos próprio filho do presidente.

“Eu acho que é incompatível a coexistência de um ministro que é chamado de mentiroso por seu chefe. É muito ruim ter um ministro em que pese acusações tão graves. Claramente o filho do presidente chama esse ministro de mentiroso, o presidente reproduz e não toma providência prática”, disse. “O próprio governo não está deixando trabalho para nós da oposição”, brincou.