O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, revelou na tarde desta sexta, 4, que prestou um depoimento “tranquilo” na superintendência da Polícia Federal, para onde foi conduzido coercitivamente após a deflagração da Operação Aletheia, 24ª fase da Lava Jato. Segundo ele, os investigadores queriam saber sobre o funcionamento da empresa de palestras do ex-presidente e do Instituto que leva seu nome, além de sua relação com empresas financiadoras, a reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e a transferência de parte do acervo presidencial para este local.

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“O depoimento foi tranquilo. Tive a oportunidade de esclarecer à polícia. Já tínhamos esclarecido para a Receita Federal, para o Ministério Público e faltava esclarecer para a polícia”, disse Okamotto na porta do prédio, onde permaneceu por quase seis horas prestando esclarecimentos. “A pergunta foi como funcionava a arrecadação (do Instituto). Por que é que se pediu dinheiro para essas empresas para cumprir o objeto social do Instituto, como é feito o contato (com as empresas)”, complementou.

Okamotto disse que a finalidade da instituição é “guardar os objetos do Lula, cuidar do legado dele, discutir políticas públicas, continuar falando do Brasil, continuar defendendo o Brasil na América latina, mostrar o que são os países africanos para os brasileiros, mostrar o que é nossa política de combate à fome na África e, a partir dessa proposta que eu levava, as empresas apoiavam ou não”, disse.

Sobre o envio de pertences do ex-presidente do Palácio do Planalto ao sítio Santa Bárbara, Okamotto afirmou que uma parte foi para o apartamento em São Bernardo do Campo, residência oficial de Lula, outra foi para o sítio em Atibaia e a terceira, que necessitava ser climatizada, ficou na empresa transportadora. “Sobre a reforma do sítio, não pude responder”, disse.

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O presidente do Instituto Lula reclamou da Operação deflagrada nesta sexta. Okamotto afirmou não ver motivo para ser conduzido coercitivamente nem para a apreensão de documentos. Segundo ele, foi “uma grande devassa”, onde houve ilegalidade. “Várias pessoas da família (de Lula) foram envolvidas. Empresas foram envolvidas. Mas é o processo brasileiro de apurar as verdades, ainda que na minha visão tenha ilegalidade. Faz parte do processo da construção da democracia brasileira e faz parte do processo de a gente apurar a verdade”, disse. “Acho que não (haveria necessidade de levar documentos e computadores). Mas entre eu achar e o Ministério Público achar tem uma diferença. Já prestamos esclarecimentos”, completou.

Okamotto disse não saber o motivo pelo qual foi pedida sua prisão temporária pelo Ministério Público Federal, posteriormente negada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz a investigação da Lava Jato em primeira instância. “Não sei qual o motivo porque a explicação que tive que dar aqui eu não vi nenhum motivo para eu ser preso. O que eles alegam que eu fiz de errado?”, disse.

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Ele afirmou que foi localizado pela polícia em Atibaia porque tem um sítio na cidade. “Moro lá. Fico boa parte do tempo”, disse.