No interior, Serra segue script de candidato

Sem falar da possível pré-candidatura para disputar a presidência em 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), seguiu o script de candidato hoje durante um evento oficial, em Sorocaba. Ao lado de secretários, ele esticou a agenda para visitar um bairro carente, abraçou e beijou crianças e até comeu uma banana nanica oferecida por um assentado rural.

Serra esteve na cidade para inaugurar a reforma do prédio da Delegacia Seccional, obra de R$ 630 mil. Também entregou 400 viaturas para unidades policiais do interior, sendo 100 para a região de Sorocaba. No mesmo evento, assinou a promulgação de lei aprovada pela Assembleia Legislativa doando 200 mil metros quadrados para regularizar a situação de cerca de mil moradores do Jardim Nova Esperança.

Depois de ouvir elogios do prefeito de Sorocaba, o tucano Vítor Lippi, e de deputados do PSDB, o governador enumerou suas realizações para mostrar que seu governo estava sendo generoso com a região. “Reforço o compromisso de que esta região terá uma base com helicóptero até o fim do ano.” Anunciou também a liberação da licença ambiental para o início das obras da fábrica de automóveis da Toyota em Sorocaba. “Serão seis ou sete mil empregos diretos e indiretos.”

Serra só fez críticas indiretas ao governo federal quando atribuiu à crise econômica uma retomada nos índices de violência. Em seguida disse que, graças à ação da polícia estadual, a situação não fugiu do controle.

Na entrevista, evitou responder às perguntas sobre o cenário eleitoral para 2010 e as questões do pré-sal. “Não vou falar de questões nacionais. Eu sei que não interessa a vocês, mas vou falar só sobre coisas de Sorocaba ou que tenham conotação regional.”

O grande aparato policial, justificado pela presença do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Neto, e o alto escalão da polícia paulista, não consegui evitar um protesto, embora tímido, contra o governador. Um grupo ligado ao Sindicato da Saúde estendeu uma faixa na entrada do prédio com os dizeres: “Serra, exterminador da Saúde Pública no Estado de São Paulo”. O pequeno grupo protestava contra o que chamava de privatização da saúde – a contratação de organizações privadas para prestar serviços em hospitais públicos.