‘Não podemos vender a soberania da região’, diz Evo Morales

O presidente da Bolívia, Evo Morales, engrossou o coro dos presidentes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) contrários à instalação de bases norte-americanas na Colômbia.

“Não podemos permitir uma presença militar estrangeira em nosso território, é um mandato que nos dão nossos povos. É uma presença política e militar para controlar os demais países da região”, afirmou Morales, em discurso na reunião extraordinária da Unasul que acontece hoje na cidade argentina de Bariloche.

“Essas bases tratam de gerar desconfiança entre nós. Não podemos vender a soberania de nossa região”, disse Morales, em referência ao acordo entre os EUA e a Colômbia para a expansão militar norte-americana em sete bases colombianas. “Pensar que a presença militar dos EUA na Colômbia vai melhorar o combate ao terrorismo é um engano”, ressaltou. Morales disse ainda que “Estados Unidos não têm por que cooperar com a luta contra o narcotráfico na Bolívia nem em nenhum lugar da América Latina”.

O presidente do Peru, Alan Garcia, por sua vez, opinou que a cúpula em Bariloche “é uma boa oportunidade para a reflexão dos países sobre como avançar na questão militar, que é a especialidade de Chávez”.

Garcia fez brincadeiras e ironias com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. “Ele nos surpreendeu hoje dizendo que o perigo é que os Estados Unidos conquistem o petróleo, mas ele vende todo o petróleo para os Estados Unidos.”

Para a presidente do Chile, Michelle Bachelet, o tom das discussões da cúpula da Unasul é adequado. “Me preocupava o grau do tom que seria usado; apesar do tema delicado, me parece importante sermos capazes de desfazer tensões e me parece importante também mantermos a integração”, disse ela.

Porém, continuou, “creio que necessitamos ser capazes de adotar uma visão comum e integrar a agenda de segurança de nossas nações”. Embora não tenha se manifestado claramente contra a instalação das bases norte-americanas na Colômbia, Bachelet opinou que o combate ao narcotráfico deve ser uma tarefa da polícia, e não dos militares.

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, por sua vez, disse que seu país “rejeita, historicamente, há 200 anos, a instalação de bases militares estrangeiras” em seu território. “Tampouco achamos que devam existir em algum dos nossos países da América do Sul.”