A disposição do presidente Michel Temer em garantir que a Câmara vote e barre a denúncia por corrupção passiva ficou evidente nesta terça-feira, 1º, pela romaria de deputados que recebeu em seu gabinete e também pelo esforço de almoçar com mais de 60 parlamentares da bancada ruralista. O presidente também finalizou a maratona em um jantar organizado pelo deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG).

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Na agenda oficial foram 32 parlamentares. Um dos compromissos foi com a bancada feminina da base na Câmara. A estratégia vem sendo traçada e aplicada desde o dia 17 de maio, quando veio à tona o conteúdo da delação premiada do empresário Joesley Batista, acionista do Grupo J&F, que inclui a JBS. De lá para cá, contando a agenda de ontem, mais de 200 parlamentares passaram pelo Planalto.

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Além de abrir as portas do gabinete até para deputados que vão votar pela admissibilidade da denúncia, Temer fez um importante afago à bancada ruralista ao editar a Medida Provisória que ficou conhecida como o Refis do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Apesar de finalmente atender ao setor, a MP não agradou completamente aos ruralistas que saíram do encontro anunciando que o texto do governo deve ser alterado no Congresso.

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Para reforçar o número de votos na Câmara, Temer também vai exonerar 11 ministros que têm mandato de deputado federal para que eles votem contra a denúncia na Câmara.

O presidente ainda reservou espaço para mais uma tentativa de agenda positiva e mostrou otimismo de que vai seguir até o fim do mandato e “arrumar a locomotiva”. Segundo ele, o mote do governo é “recolocar o Brasil nos trilhos”. “Para que com os trilhos aprumados, quem chegar, em 2019, possa dirigir a locomotiva sem nenhum acidente nessa ferrovia.”

Na plateia, que foi citada nominalmente por Temer, estava até o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e Paulo Maluf (PP-SP). Na saída do evento, Temer afirmou que estava confiante em derrubar a denúncia e disse que era responsabilidade da oposição garantir a votação.

“Quem tem de votar são os que querem destruir aquilo que a CCJ decidiu”, disse, em relação à decisão a Comissão de Constituição e Justiça que aprovou um parecer pela rejeição da denúncia. “A CCJ já decidiu que não há autorização, agora é o plenário”, completou.

Não convenceu

Na investida desta terça-feira, entre os parlamentares que já se manifestaram a favor da denúncia, Temer recebeu o deputado Laudívio Carvalho (SD-MG) que afirmou que não mudou de opinião.

“Ele afirmou a sua inocência, dizendo que as denúncias são infundadas e vazias, mas eu disse a ele que ainda que sejam vazias meu posicionamento seria esse (a favor da denúncia).” Temer também não trouxe para o seu lado o deputado Aluízio Mendes (Podemos-MA), que esteve no Planalto acompanhando a bancada do Maranhão, ao lado do oposicionista Rubens Pereira Junior (PCdoB).

Os deputados do Solidariedade Paulinho da Força (SP) e Áureo Lidio Moreira (RJ), ambos que constam como indecisos, estiveram ontem com o presidente e deixaram o Planalto sinalizando que votarão com Temer. (Colaborou Felipe Frazão)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.