Na véspera da eleição para a presidência da Câmara, o Palácio do Planalto ampliou a pressão sobre os deputados ao colocar vários ministros em campo para convencer as cúpulas de partidos da base aliada a votar em Arlindo Chinaglia (SP), candidato do PT. O petista anunciou na noite deste sábado (31) o apoio do PR. Mais cedo. em almoço do qual participaram os ministros Pepe Vargas (PT) e Antonio Carlos Rodrigues, que é da cota do PR, os deputados foram pressionados a apoiar Chinaglia.

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A cúpula do PR consultou os parlamentares, pessoalmente, por telefone, e-mail e mensagens, e decidiu dar o apoio de seus 34 deputados federais – a sexta maior bancada da Câmara.

Representantes do primeiro escalão do Planalto também fizeram neste sábado uma investida para atrair o PRB. No comando do Ministério do Esporte, o PRB resistia a apoiar Chinaglia após anunciar voto em Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nos bastidores, fontes informaram que Pepe Vargas teve neste sábado uma dura discussão com o presidente do PRB, Marcos Pereira, para garantir os 21 votos do partido.

Magoado por ter perdido o Ministério das Cidades, o PP declarou apoio à candidatura de Cunha. À noite, o deputado peemedebista anunciou a formação do “maior bloco” existente para esta eleição. Nos bastidores da campanha, a conta chega a 222 parlamentares – dos 513 da Casa. “Com esse apoio do PP tenho certeza absoluta que eleição no 1º turno ficou confirmada agora”, disse Cunha, confiante.

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Rodízio

Ministros da presidente Dilma Rousseff também atuaram para costurar um acordo de rodízio entre PT e PMDB antes da eleição deste domingo (1º). O PT apoiaria Cunha agora em troca dos votos do PMDB na próxima eleição, daqui a dois anos. O acordo, segundo o vice-líder do PMDB na Câmara, Sandro Mabel (GO), foi proposto por Pepe Vargas. Antes, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse que já havia procurado o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros, para fazer a mesma proposta.

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Outro vice-líder do PMDB na Câmara, Darcísio Perondi (RS), confirmou a oferta. Cunha, porém, disse desconhecer qualquer negociação. “Eu não recebi qualquer proposta, eu não fiz nenhuma proposta e não há intenção de debater nenhuma proposta”, afirmou o peemedebista.

“O jogo já está jogado. Vamos para o voto”. A assessoria de Pepe Vargas negou a proposta e afirmou que a ideia de alternância no cargo já é antiga.

A possibilidade de vitória do candidato do PMDB à presidência da Câmara acendeu o sinal vermelho no Palácio do Planalto. Ao longo da semana, ministros do PT e até governadores do partido já haviam entrado em campo e pressionaram deputados da base aliada. A força-tarefa, no entanto, tinha surtido pouco efeito.

Força-tarefa

O racha na aliança governista é apenas um dos problemas que o Planalto enfrentará, se Cunha vencer a briga. O líder do PMDB é desafeto da presidente Dilma e já pôs o partido várias vezes contra o Planalto. Fez de tudo para barrar a Medida Provisória dos Portos, incentivou a criação da CPI da Petrobrás e articulou um movimento para rejeitar o decreto que instituía os conselhos populares.

O temor do governo é que Cunha, no comando da Câmara, estimule votações contrárias aos interesses da equipe econômica. Sob o argumento de que não transformará a Câmara num “puxadinho” do Planalto, Cunha disse que, se eleito, agirá com “independência” em relação ao governo.

Garantiu, porém, que sua primeira medida será pôr na pauta o Orçamento impositivo – proposta torna obrigatória a execução de despesas agregadas ao Orçamento sob a forma de emendas individuais de parlamentares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo