O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF/RJ) apresentou nesta quarta-feira, 27, denúncia contra ex-funcionários da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, e suspeitos de serem operadores de propina em esquema investigado pela Operação Pripyat, deflagrada no início do mês. O documento foi entregue à 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

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Os detalhes da denúncia serão anunciados nesta quinta-feira, 28, pelos procuradores que compõem a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio. O grupo é composto pelos procuradores Lauro Coelho Junior, José Augusto Vagos e Eduardo El Hage. A Pripyat é um desdobramento da 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radiotividade.

Em 6 de julho, o MPF recolheu provas adicionais de crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro. Na data, a Polícia Federal prendeu dez pessoas acusadas de desviar recursos da obra da Usina Nuclear Angra 3, investimento de R$ 17 bilhões no litoral sul do Estado.

Entre os presos estava o vice-almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, que já havia sido preso pela Lava Jato no ano passado e estava em prisão domiciliar desde dezembro. Ele voltou para a cadeia. A Operação Pripyat também atingiu o então presidente da subsidiária da Eletrobras, Pedro José Diniz Figueiredo, que foi afastado do cargo por decisão judicial e levado a depor por condução coercitiva.

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Além de Othon, foram presos cinco funcionários do alto escalão da Eletronuclear, que já estavam afastados de seus cargos por conta de apurações internas.

Segundo as investigações, o alto escalão da estatal recebeu R$ 26,4 milhões em propina por Angra 3. O dinheiro era pago tanto por meio de prestação fictícia de serviços – por firmas como Flexsystem, VW Refrigeração, Eval, Legend, SP Terraplanagem e JSM Engenharia, as três últimas de Adir Assad, acusado de ser operador de propina – quanto em dinheiro vivo. Os valores eram sacados num esquema de “caixa 2” com as empresas ligadas a Assad. Além das prisões, nove pessoas foram levadas a depor por condução coercitiva. Nas estimativas dos procuradores divulgadas no início do mês, incluindo o valor destinado a políticos, as propinas podem chegar a R$ 48 milhões, considerando o porcentual de 4% sobre o contrato de R$ 1,2 bilhão da Andrade Gutierrez para as obras civis de Angra 3.

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