O Ministério Público e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio investigam se as faixas apócrifas que fazem propaganda subliminar contra o candidato do PV à Prefeitura do Rio, Fernando Gabeira, têm a mesma origem do material de campanha do concorrente do PMDB, Eduardo Paes. Um dia depois de o jornal O Estado de S. Paulo flagrar a distribuição das faixas, juntamente com material de campanha de Paes, num comitê do peemedebista na zona oeste, a guerra suja que tem marcado o segundo turno do Rio teve mais um episódio hoje.

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Fiscais eleitorais apreenderam 12 mil panfletos que atacam Gabeira por causa do apoio do prefeito Cesar Maia (DEM). Os papéis não têm o nome de Paes, mas não são apócrifos: são assinados por PT, PSB, PDT e PC do B. Para a Justiça Eleitoral, pode haver nos dois casos abuso do poder econômico. Segundo o coordenador da fiscalização do TRE, Luiz Fernando Santa Brígida, os panfletos são irregulares porque são peças eleitorais que omitem o nome do candidato beneficiado.

O folheto traz, de um lado, a fotografia de Maia e de Gabeira unidos por um sinal de mais. No verso, há apenas a inscrição: “Diga não à continuidade de Cesar Maia. Pense nisso!”. Na parte inferior, há o símbolo dos dois partidos, a tiragem de três milhões, e dois números de CNPJ. Um é do PT e o outro é da Editora Ediouro, responsável pela impressão.

O juiz Fábio Uchôa, responsável pela propaganda eleitoral na capital, determinou a busca e apreensão na editora, em Bonsucesso, depois que exemplares foram recolhidos no Largo do Machado (zona sul), onde estavam sendo distribuídos.

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Os presidentes regional do PT, Alberto Cantalice, e do diretório municipal, Alberes Lima confirmaram que o PT encomendou os três milhões de panfletos. O partido decidiu produzir material para ajudar na campanha de Paes. Cantalice disse que o departamento jurídico do partido responderá ao TRE, mas disse não ver ilegalidade. “Foi o diretório que fez, apoiamos Paes e estamos na campanha. O panfleto não é apócrifo e traz a opinião dos partidos sobre a candidatura do Gabeira. Temos o direito de nos manifestar no processo democrático”, justificou Cantalice, sem explicar porque o papel não pede votos para a Paes.

Abuso de poder

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No entendimento da Justiça Eleitoral, a distribuição dos panfletos pode caracterizar abuso do poder econômico, já que o material de campanha produzido por partidos que não estão no segundo turno não serão computados na prestação de contas de Paes.

O mesmo crime eleitoral pode ser caracterizado se for comprovada a origem comum das faixas apócrifas com a inscrição “Sou suburbano com muito orgulho” e o material da campanha de Paes. O juiz Luiz Márcio Pereira, responsável pela fiscalização da propaganda no Estado do Rio, disse que a obtenção das faixas – que fazem alusão ao episódio em que Gabeira acusou uma vereadora da zona oeste de ter “visão suburbana” – é mais um dos indícios que ligam a campanha paralela ao PMDB. Hoje, o TRE apreendeu faixas idênticas na Penha e no Complexo do Alemão, na zona norte.