O Ministério Público vai tentar salvar a Operação Castelo de Areia, atingida em cheio pela decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular provas obtidas a partir, única e exclusivamente, de uma denúncia anônima. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse hoje discordar do entendimento do STJ e adiantou que vai recorrer da decisão.

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Os ministros da 6ª Turma do STJ julgaram ser ilegais as provas, incluindo as escutas telefônicas, obtidas sem prévia investigação da Polícia Federal (PF). No entendimento desses ministros, a PF e o Ministério Público se basearam apenas na denúncia feita por um doleiro para quebrar o sigilo de diversos investigados, dentre eles executivos da construtora Camargo Corrêa.

Gurgel contestou o entendimento dos ministros e afirmou que, ao contrário do que disseram os ministros durante o julgamento, as provas da existência do esquema não são ilegais. Ministério Público e PF dizem ter usado a denúncia anônima como ponto de partida para outras apurações. Somente depois de uma investigação prévia sobre a veracidade da denúncia anônima, eles teriam pedido a quebra dos sigilos bancário e telefônico.

“O Ministério Público, como sustentou no parecer sobre este caso, entende que não há qualquer vício na prova colhida. Até porque, diferentemente do que afirmou a decisão do STJ, não nos baseamos apenas em denúncias anônimas”, afirmou. “O MP evidentemente discorda da solução do STJ. Só precisamos analisar a decisão para fazer nosso juízo e definir as etapas subsequentes”, acrescentou.

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