MP denuncia Bradock por tortura, homicídio e fraude

Desde o início de fevereiro duas denúncias-crime feitas pelo Ministério Público (MP) foram protocoladas no Tribunal de Justiça (TJ) contra o deputado estadual Mário Sérgio Bradock Zacheski (PMDB). A primeira deu entrada no dia 28, e a outra no dia 6. As denúncias são de tortura, homicídio consumado, tentativa de homicídio, fraude processual, porte ilegal de arma e falsidade ideológica.

As investigações foram feitas pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC), que através da procuradora-geral, Maria Tereza Uille Gomes, ofereceu denúncia contra Bradock e outros três policiais – Obadias de Souza Lima, Amarildo Gomes da Silva e Senio Abdon Dias.

As ações tratam de dois fatos distintos. O primeiro envolve Bradock, então delegado de Rio Branco do Sul, e Obadias Lima, policial civil que integrava a equipe como investigador. Eles foram denunciados pela prática de tortura, praticadas em 22 e 23 de janeiro de 2001, contra o construtor André França Cordeiro. De acordo com as investigações Cordeiro foi obrigado a confessar a autoria do crime contra Jurandir Ferreira de Andrade, ocorrida em 9 de agosto de 99.

Segundo os depoimentos colhidos pela PIC, além das agressões físicas, André Cordeiro teve sua cabeça colocada dentro de uma sacola com água e sabão em pó, por várias vezes, até confessar. Ainda de acordo com as investigações, Bradock teria dito, em frente a um familiar de Jurandir de Andrade, que André deveria confessar, caso contrário, colocariam uma granada em sua calça ou atirariam contra ele, forjando uma tentativa de fuga. Denunciado por homicídio, Cordeiro encontra-se atualmente em liberdade, e o Ministério Público já pediu sua absolvição do crime.

A denúncia foi distribuída ao desembargador Campos Marques, que deverá notificar os acusados para que ofereçam defesa prévia no prazo de quinze dias. Após este prazo o TJ analisará se recebe ou não a denúncia. No caso de receber, o procedimento se transformará em uma ação penal.

Homicídio

A segunda denúncia é de homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, fraude processual, porte ilegal de arma e falsidade ideológica e envolve, além de Bradock e Obadias Lima, os delegados Amarildo da Silva e Senio Dias (ex-delegado de Itaperuçu). Ela ainda não foi distribuída pelo tribunal a um dos desembargadores, e só após a distribuição o desembargador relator notificará os acusados para oferecer defesa, analisando, após o prazo, se recebe a denúncia, a fim de iniciar o respectivo processo criminal.

O crime ocorreu em 24 de janeiro de 2001, na localidade de Buraco Quente, em Itaperuçu, comarca de Rio Branco do Sul. O então delegado Bradock e os investigadores Amarildo da Silva e Obadias Lima, sob o pretexto de estarem na captura de Osni dos Santos, foragido da delegacia de Rio Branco do Sul, teriam entrado em um matagal. Numa picada existente, Bradock teria atirado com uma espingarda calibre 12 contra Joel Ribeiro, de 16 anos, que morreu instantaneamente.

Uma pistola foi colocada nas mãos do adolescente morto. Gilberto de Jesus Teixeira de Lara, conhecido como Abel, que estava em companhia de Joel Ribeiro, e presenciou quando o amigo foi alvejado, não foi ouvido no inquérito. Bradock assumiu a autoria do disparo, mas alegou que foi dado em legítima defesa.

O então delegado de Itaperuçu, Senio Dias, que presidiu o inquérito, é acusado pelo MP pelo delito de falsidade ideológica, visando favorecer Bradock e os outros policiais. Ele teria incluído várias declarações falsas nos depoimentos das testemunhas, para legitimar a ação de Bradock. O inquérito da morte do adolescente foi arquivado pela Promotoria de Justiça de Rio Branco do Sul, que só veio a saber da existência de Gilberto de Lara após as investigações da PIC.

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