Após a realização de mais uma reunião do movimento criado para discutir as irregularidades cometidas pelo vereador João Claudio Derosso (PSDB) como presidente da Câmara, nesta quinta-feira (28), o grupo decidiu fazer uma visita aos órgãos responsáveis pelas investigações para cobrar informações sobre o caso. Nesta sexta-feira, às 9 horas, integrantes do movimento, ainda sem nome oficial, vão ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para entregar ao procurador-geral Laerzio Cheisorin Júnior, representante do Ministério Público do Paraná (MP-PR) no órgão, uma representação contra o parlamentar.
Depois da visita ao TCE, o grupo pretende entregar documentos semelhantes ao próprio MP e à Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR). “Queremos pedir ao MP do TCE que acompanhe o caso de perto e que dê publicidade ao andamento das investigações com transparência para que a sociedade tenha respostas sobre o que está acontecendo, se realmente Derosso é culpado ou se existem mais pessoas envolvidas”, afirma o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR), Roni Barbosa, um dos integrantes do movimento.
Durante a reunião desta quinta-feira, também foi confirmada a manifestação em frente à Câmara prevista para segunda-feira (1º), às 13 horas. O movimento é formado por representantes dos partidos políticos PT, PMDB, PDT, PV, PC do B e PSC, além de membros da CUT-PR, da Federação das Associações de Moradores de Curitiba (Femotiba), União Paranaense dos Estudantes (UPE) e diversos sindicatos. O encontro foi realizado na sede da CUT-PR em vez de ser na sede do PSC, como previsto.
O grupo tem se reunido frequentemente para discutir ações referentes ao caso Derosso, desde que ocorreram as primeiras denúncias relacionadas ao vereador, apontando irregularidades na licitação de agências de publicidade para prestação de serviços para a Câmara em 2006. Na ocasião, uma das empresas vencedoras era de propriedade de sua esposa, Claudia Queiroz Guedes.
Mais uma denúncia de Dr. Rosinha
Também nesta quinta-feira, o deputado federal Dr. Rosinha (PT) divulgou mais uma denúncia a respeito de Derosso. De acordo com o parlamentar, o presidente da Câmara gastou R$ 936 mil da casa em publicidade apenas nove dias antes do início da campanha eleitoral de 2000, ano de eleições municipais. Os repasses teriam sido feitos entre os dias 21 e 29 de junho, daquele ano, justamente porque a partir de 1º de julho estava proibida a publicidade de qualquer órgão público. As informações foram retiradas de uma tabela elaborada pela Diretoria de Contas Municipais do TCE.
Em material divulgado à imprensa, Rosinha ainda apontou que o próprio TCE emitiu, em maio de 2001, um parecer que classificava esses gastos como “supérfluos” e “desnecessários”. “Para burlar a legislação eleitoral, Derosso antecipou os pagamentos à empresa Visão Publicidade, concentrando os repasses nos meses anteriores a julho”, comentou. O deputado também ressaltou a necessidade de rigor nas investigações do TCE e do MP-PR em relação ao caso. “A investigação entre Derosso e essas empresas de publicidade precisa ser aprofundada pelo Ministério Público, desde o início da gestão dele à frente da Câmara”. Derosso ocupa a presidência da casa desde 1997.