O Exército aproveitou a cerimônia de inauguração do Comando de Artilharia no Forte Santa Bárbara, em Formosa (GO), para demonstrar avanços no domínio da tecnologia para produção de mísseis e foguetes. O vice-presidente Hamilton Mourão participou da cerimônia nesta quarta-feira, 29.

continua após a publicidade

Transferida de Porto Alegre (RS) para o interior goiano, a unidade do Exército vai coordenar o uso do Míssil Tático de Cruzeiro, com alcance de 300 quilômetros (MTC-300) de distância, desenvolvido no Programa Estratégico do Exército Astros 2020. A arma fabricada pela empresa Avibras, de São José dos Campos (SP), é o primeiro míssil brasileiro e deve ser concluída até o fim de 2021.

A cerimônia foi marcada por desfiles e cantos militares. Foguetes foram lançados para demonstrar o poderio bélico. O presidente Jair Bolsonaro não participou da cerimônia. No mesmo momento, estava em evento no Palácio do Planalto com cantores sertanejos.

“Nós temos agora capacidade maior (de resposta a conflitos). Não resta dúvida. São pouquíssimos países que têm essa tecnologia”, disse Mourão sobre o uso de mísseis de cruzeiro. O vice-presidente afirmou que a produção do míssil está em fase final, com teste de lançamento agendado para esta semana.

continua após a publicidade

“É um poder de fogo concentrado no Planalto central muito significativo. Uma mobilidade estratégica muito grande, que vai conceder às Forças Armadas brasileiras um poder dissuasório muito bom”, disse o ministro da Defesa, Fernando Azevedo.

A região onde o comando de artilharia foi instalada é considerada estratégica, porque, em caso de conflito, os veículos lançadores de mísseis podem ser deslocados a partir de bases aéreas de Planaltina ou Brasília, cidades próximas a Formosa. O transporte pode ser feito pelo avião militar KC-390, lançado em 2019. “Se alguém vier aqui sabe que a 300 km consigo acertá-lo”, disse Mourão.

continua após a publicidade

O governo ainda investe no desenvolvimento do foguete guiado SS40G, de 45 km de alcance, sem data para conclusão. “O Astro 2020 é um projeto nacional que tem potencial, e está sendo feita exportação significativa (de produtos militares), testados já em conflito. O grande poder de fogo dele se concentra na estratégia de dissuasão pelo alcance que tem dos mísseis e foguetes”, disse Azevedo.

“Os projetos das Forças Armadas estão andando. Tivemos um ano orçamentário em 2019 do governo muito bom. Programas estratégicos das Forças tiveram impulso e previsibilidade boa”, afirmou o ministro.

O Astro 2020 foi gestado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e recebeu investimentos a partir da gestão de Dilma Rousseff (PT).

Com a transferência do comando para Formosa, o número de militares no Forte de Santa Bárbara mais do que dobra, passando de cerca 700 para 1.500 agentes. A estrutura local tem 64 quilômetros quadrados para uso como campo de instrução militar, onde é possível testar lançamentos de mísseis e foguetes.