Ministro troca de partido para ficar no Esporte

No dia seguinte à decisão do PRB de deixar a base aliada do governo Dilma, o ministro do Esporte, George Hilton, anunciou que deixa o partido para se manter no cargo. O destino do ministro, que é deputado federal por Minas Gerais, será o PROS.

“Me desfilio por entender que, neste momento, nós, homens e mulheres que atuam na vida pública, devemos nos empenhar no sentido de desfazer conflitos, evitar injustiças e trabalhar com afinco pela normalidade democrática e pela solidez das instituições nacionais”, afirma, em nota que será divulgada.

A informação, antecipada pelo portal estadao.com, pegou o presidente da legenda, Marcos Pereira, de surpresa. “Ele vai mudar? Conversamos três vezes hoje (ontem) e ele disse que permaneceria como soldado firme, que iria entregar o cargo na segunda-feira e voltar para a Câmara, para a nossa bancada”, queixou-se Pereira.

Integrantes da base aliada consideram que o processo de afastamento da presidente Dilma é irreversível e irá contaminar outros partidos.

O sentimento dentro de parte de partidos como PMDB, PR, PSD, PP, PTB e PRB é o de que o governo, ao ser dragado pela sequência de notícias negativas contra o ex-presidente Lula, acabou descuidando das articulações no Congresso. Até mesmo o poder de mobilização de Lula, recém-empossado como “superministro” tem sido colocado em xeque.

Uma das siglas da base que tem demonstrado sinais de rompimento com Dilma diante dos avanços dos desgaste do governo é o PR.

A ideia articulada nos bastidores é anunciar o desembarque nos próximos 15 dias, antes do término da comissão do impeachment, para não parecer ser oportunismo. A decisão, contudo, deve ser feita à revelia da cúpula do partido e do ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, defensor da permanência no governo.

‘Manada’

Na avaliação de integrantes do PP e PR, uma vez iniciado o desembarque de legendas consideradas médias, haverá um “efeito manada” entre demais. Dentro desse cenário, PTB e PSD também deverão engrossar a fila.

No caso do PTB, a pressão já é externada publicamente pela direção de legenda. No mesmo dia em que o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) foi alçado para a relatoria do processo de impeachment, a presidente da legenda, Cristiane Brasil, afirmou por meio de nota que “este governo já acabou”. “O Diretório Nacional do PTB, que já possui direção clara contra o governo de Dilma, Lula e do PT, apela à totalidade da bancada trabalhista no Congresso Nacional para que siga esse mesmo caminho(…) Este governo acabou, não tem mais condições morais de continuar”, disse a dirigente.

Em relação ao PSD, responsável por indicar o presidente da comissão do impeachment, deputado Rogério Rosso (DF), a avaliação corrente entre integrantes da base aliada é de que o deputado, sob pressão do eleitorado, não vai atrapalhar os avanços do processo. Nas últimas eleições, o DF, reduto eleitoral de Rosso, deu ampla maioria de votos para os adversários de Dilma.

Ruptura

Pelos corredores do Congresso, não passou desapercebido o fato de as principais lideranças dos partidos da base aliada não terem participado da tumultuada posse de Lula realizada anteontem. Na ocasião, o gesto mais evidente foi a ausência do vice-presidente da República, Michel Temer, que se sentiu “afrontado” com a indicação de Dilma para que o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) assumisse a Secretaria de Aviação Civil.

Quatro dias antes do convite da presidente para Lopes, a cúpula do PMDB havia decidido proibir o ingresso de qualquer correligionário em cargos do governo, pelos próximos 30 dias. “Esta semana foi muito traumática, mas Lula é um homem que tem que ser respeitado. Só não sei se chegou tarde demais, tenho minhas dúvidas da efetividade dessa mobilização contra o impeachment”, afirmou, o deputado federal Arthur Lira (AL), que integra a Executiva Nacional do PP. Deputados de legenda encaminharam anteontem ao presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), pedido de convocação do Diretório Nacional para discutir possível desembarque do governo.

“Me desfilio por entender que, neste momento, nós, homens e mulheres que atuam na vida pública, devemos nos empenhar no sentido de desfazer conflitos, evitar injustiças e trabalhar com afinco pela normalidade democrática e pela solidez das instituições nacionais”, afirma.