Com uma visita de cinco dias a Washington e a Nova York, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, tomou para si a tarefa de conhecer experiências locais que possam contribuir para a instalação do Museu da Memória Afrodescendente, em Brasília. Emendas ao Orçamento de 2013 já permitiram reservar R$ 12,5 milhões para o projeto, enquanto museus e bibliotecas históricas do País continuam, como descreveu a própria ministra, com recursos “baixíssimos e ridículos”.

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O Museu da Memória Afrodescendente é uma ideia de quase 20 anos. Nasceu com a doação do Distrito Federal de um terreno no Lago Sul de Brasília à Fundação Palmares, como homenagem à primeira visita do então presidente da África do Sul, Nelson Mandela, ao Brasil. Desde então, naquele lugar há apenas uma pedra fundamental.

Segundo Marta, o museu terá os objetivos de “contar a história” dos negros no Brasil e de sua contribuição para a formação da identidade nacional valendo-se de alta tecnologia e recursos virtuais. A inspiração será o Museu da Língua Portuguesa, de São Paulo. O custo será definido depois da elaboração do projeto arquitetônico. Marta quer, pelo menos, ver a obra iniciada neste governo de Dilma Rousseff, para afastar o risco de recuo na próxima gestão.

“Essa história não foi contada direito ainda”, afirmou Marta. “E nós vamos dar para o negro um lugar nobre de Brasília”, completou, ao referir-se à construção do museu no Lago Sul, o metro-quadrado mais caro da capital brasileira.

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A ministra da Cultura visitou nesta sexta, em Washington, o Museu do Holocausto e o Newseum e conservaria com a equipe responsável pelo Museu Nacional de História e Cultura Afroamericana, em construção na capital americana. Hoje, ela estará no Museu Nacional de Artes Africanas. Em Nova York, na próxima semana, Marta irá ao Museu de Arte Moderna (MoMA) e o Schomburg Center, que pesquisa a cultura negra.

O Ministério da Cultura está em discussão com o Victoria & Albert Museum, em Londres, para receber suas exposições já montadas. Elas seriam exibidas em museus brasileiros durante 2014, por conta da Copa do Mundo. A ministra adiantou o interesse brasileiro em exposições de história grego-romana e dispensou a necessidade de envio de obras autênticas. “Certamente, essas peças estão em um porão do V&A Museum e, mesmo que não sejam originais, não há nada parecido no Brasil”, afirmou. “Não vou achar ruim se vier uma cópia da Diana.”

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Vale Cultura

Marta Suplicy insistiu nesta sexta que não aceitará o uso do Vale Cultura para o pagamento de TV por assinatura e que “não há a menor chance” de esse benefício se estender para os jogos eletrônicos. “Sou uma pessoa aberta a questionamentos, mas não sou ping-pong”, afirmou. O Vale Cultura foi criado pelo governo em dezembro passado. Segundo Marta, ainda não há clareza sobre como as pessoas pretendem gastar o vale de R$ 50 por mês para trabalhadores com remuneração de até cinco salários mínimos.