A Marinha brasileira decidiu proibir o uso de telefones celulares em suas instalações. Em nota, o comando da Força informou que “o motivo da restrição é a preservação da segurança da informação, do pessoal, dos navios e instalações”. De acordo ainda com a Marinha, no dia a dia das unidades militares, o uso de dispositivos móveis estava se tornando cada vez mais frequente, “sendo considerado, atualmente, um dos principais problemas de segurança da informação enfrentado”.

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“Apesar de tais dispositivos possibilitarem uma maior flexibilidade e mobilidade, otimizando as tarefas diárias, os riscos relacionados às ameaças e vulnerabilidades a eles relacionados não podem ser desprezados.”

Entre as fragilidades identificadas pela Marinha em razão do uso de telefones celulares está o fato de aplicativos baixados no equipamento permitir a agentes inimigos visualizar as rotas mais usadas por militares dentro de instalações militares, monitorando o percurso de quem trabalha em áreas de acesso restrito.

Um ex-chefe da contrainteligência da Força Aérea ouvido pela reportagem considerou a medida necessária, mas disse que ela deve ser aplicada com parcimônia. “Não são todas as instalações que precisam desse tipo de proteção”, afirmou.

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Questionada se havia relação da decisão da Marinha com o fenômeno de manifestações de caráter político-partidário de militares da ativa do Exército e da Força Aérea em redes sociais, a Marinha respondeu que não. No domingo, dia 21, o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem mostrando que o comando do Exército decidiu enquadrar o uso de redes sociais pelos seus militares.

Levantamento feito pelo jornal encontrou 220 manifestações políticas em 20 perfis de oficiais e suboficiais da ativa das Forças Armadas entre 2018 e 2019 – nenhum deles era de integrantes da Marinha.

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De acordo com a Marinha, as novas regras de uso de celulares são uma revisão das que foram feitas em 2009. Desde então, diz a nota do comando, “os componentes da Força cumprem as diretrizes dispostas em publicação específica sobre o assunto, que versa sobre as diretrizes gerais relacionadas às três principais áreas de tecnologia e informação da Marinha do Brasil: Infraestrutura de Redes e Serviços da Marinha do Brasil, Segurança da Informação e Comunicação e Desenvolvimento de Sistemas Digitais”.

Ainda de acordo com o comando, até a publicação da revisão da norma, a regra geral permitia o uso, “sendo estabelecidos os locais e circunstâncias restritas”. O comando informou ainda que, a partir da revisão, “o conceito alterou a regra geral para a restrição do uso”.

Cabe ao comandante de cada unidade avaliar as circunstâncias em que os aparelhos podem ser usados “definindo o local, período ou situação que justifique sua permissão”. A Marinha informou, por fim, que nas unidades que lidam com atendimento ao público, como hospitais, indústrias, capitanias dos portos e organizações de ensino o uso do celular será permitido.