Sem poupar elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a senadora Marina Silva (PV) deu a entender, em seu primeiro discurso como candidata oficial do Partido Verde à Presidência da República, que também pode representar a continuidade do governo Lula.

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Ex-ministra do Meio Ambiente do governo do PT, Marina ressaltou que Lula ajudou a tirar 20 milhões de pessoas da linha da pobreza, e mostrou que não é preciso “fazer o bolo crescer para depois dividir”. Marina prometeu uma “terceira geração” dos programas sociais, que investissem também na inclusão produtiva dos cidadãos de baixa renda. Prometeu “sair do Estado provedor para o Estado mobilizador”.

Em 50 minutos em que monopolizou o microfone, Marina desfiou as ideias de um governo pautado pela economia sustentável, de baixo carbono. Entre as diretrizes de governo aprovadas pelo partido hoje, até mesmo a promessa de que as emissões derivadas de todo o período de campanha serão contabilizadas e publicadas na internet.

Mas, a senadora não se limitou ao tema Meio Ambiente, no qual pautou sua trajetória política. Ela também defendeu o acesso à educação e usou o próprio exemplo como uma história de sucesso. “Foi graças à fresta da educação que minha vida mudou. Foi graças a uma educação de qualidade que um filho da classe média se tornou um dos empresários mais prósperos do Brasil”, disse, fazendo referência ao candidato a vice na sua chapa, o empresário Guilherme Leal, dono da Natura.

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Figurando em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, Marina foi otimista: “Espero que no dia 1º de janeiro do ano que vem a gente possa ter a primeira mulher negra presidente do Brasil”. Arrancou muitos aplausos e gritos de guerra da plateia, que não atingiu a expectativa dos organizadores, que esperavam entre 1,5 mil e 2 mil pessoas. O auditório foi reduzido de tamanho, e ainda assim não estava lotado.

A senadora criticou a polarização da campanha entre o PT de Dilma Rousseff e o PSDB de José Serra, que têm aparecido empatados em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. “Não vamos aceitar o veredicto do plebiscito. Ele vai ser revogado pelo povo brasileiro”, disse.

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Em outro momento, disse que sentia “uma dorzinha no coração” porque, hoje, enquanto se lançava na disputa pela Presidência pelo PV, o amigo e aliado Tião Viana, do PT, também fazia festa no Acre para se lançar candidato a governador. “Nós estamos separados momentaneamente. Nós vamos nos encontrar num segundo turno, se Deus quiser”.

Aliados

A convenção do PV começou pela manhã, com a aprovação pelos delegados do partido da chapa presidenciável e do limite de gastos da campanha, R$ 90 milhões. Entre os oradores convidados a assistir à convenção sentados ao palco, ao lado de Marina, destacou-se o teólogo Leonardo Boff, que disse que Marina não fazia política pelo Poder, mas como Mahatma Gandhi, “como um gesto amoroso pelo povo”.

O candidato a vice Guilherme Leal, a quem Marina Silva chamou de “filho de paraense, comedor de açaí”, foi um dos últimos a discursar. Leal rejeitou críticas de que Marina não teria perfil técnico para assumir a Presidência da República e por ela foi socorrido quando por diversas vezes se atrapalhou com o discurso e o aparelho de teleprompter. “Quem faz política com P maiúsculo não treina como fala, apenas faz como gostaria de ver os políticos fazerem. Foi o que você fez”.