Máquina do governo contra Lippmann

A máquina oficial está azeitada na campanha do governador Roberto Requião (PMDB) para desqualificar a sentença do desembargador Edgard Lippmann Júnior, que disciplinou o uso da TV Educativa. A viagem do governador paranaense ao exterior – Cuba e Estados Unidos – não impediu que sua retórica fosse repetida ontem pela Agência Estadual de Notícias.

Das cinco matérias disponibilizadas pela agência estadual, quatro focalizavam a briga jurídica: comentários do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, da coordenadora da Região Metropolitana de Londrina, Elza Correia, e do jornalista e escritor Mário Augusto Jakobskind, além de uma quarta matéria com emails a respeito da decisão do Tribunal Regional Federal. As matérias foram publicadas na sexta-feira, porém programadas para só estarem disponíveis para acesso ontem.

A agência reproduziu artigo em que Jakobskind diz que ?a censura está de volta ao Paraná?. ?A Justiça tomou uma decisão que contraria os preceitos básicos de um administrador moderno, qual seja, primeiro de prestar contas de seus atos à população, em seguida discutir a realidade nacional. Tal procedimento deveria, isto sim, servir de exemplo para outros governadores fazerem o mesmo?, argumenta o jornalista.

Elza Correia, ex-deputada estadual, em artigo exclusivo para a agência, declara que ?a tentativa de silenciar o governador Roberto Requião nos indica que os entulhos dos tempos do arbítrio brasileiro ainda não foram totalmente varridos de nossos dias?. Segundo ela, ?é preciso enxergar muito além da decisão judicial e perceber o perigo nela contido para a democracia brasileira. Nosso silêncio poderá ser entendido como consentimento – e aí, exatamente aí, é que reside a questão?, diz.

O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal diz que ao contrário do sindicato paranaense, que não tomou posição firme, repudiou a ?censura? ao governador?. ?A Diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal condena a censura prévia estabelecida pelo desembargador federal Edgar Lippmann Júnior, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região?, inicia a nota do sindicato. ?É evidente que não concordamos com o uso de emissoras públicas ou privadas – que são concessões do Estado – para promoção pessoal. Mas condenamos a censura prévia, prática autoritária que vem sendo adotada pela Justiça brasileira em diversos estados?, prossegue.

Entre os emails reunidos pela agência em outra matéria está o do presidente estadual do PTC, Tércio Albuquerque. Ele diz repudiar a censura ?quer seja contra qualquer homem público, caso do governador Roberto Requião, quer seja contra a imprensa de modo geral. A censura é uma afronta à Constituição, à democracia e ao estado de direito?.

Voltar ao topo