Se nenhuma nova decisão mudar o curso dos acontecimentos, o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) ficará detido em uma cela de 30 metros quadrados e com capacidade para abrigar até dez internos, na ala B, bloco 5, do Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. A defesa ainda tenta suspender no STF o início da execução da pena de 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão em regime fechado e aguarda uma decisão da presidente do Supremo, Cármen Lúcia.

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A Ala B – junto com as alas A e C – deste bloco reúne políticos, idosos, ex-policiais, além de presos com ensino superior. O ex-ministro Geddel Vieira Lima e o empresário e senador cassado Luiz Estevão se encontram na mesma ala onde ficará Maluf, mas ainda não está definida a cela exata em que o deputado condenado ficará. As três alas reúnem presos que são considerados “vulneráveis”, que poderiam correr riscos se confinados junto aos demais detidos.

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Em janeiro, em uma vistoria realizada no bloco 5, foram encontrados itens proibidos na cela de Luiz Estevão, como chocolate, cafeteira elétrica, cápsulas de café e massa importada. O empresário chegou a ser mandado temporariamente para a solitária por desrespeitar regras internas. Na época, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) abriu uma sindicância para apurar se houve facilitação por parte de carcereiros para a entrada desses itens em troca de propina por parte de Luiz Estevão.

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Como os demais detentos, Maluf terá direito a quatro refeições diárias – café da manhã, almoço, jantar e lanche noturno – e duas horas de banho de sol.

O ex-prefeito de São Paulo poderá cadastrar até dez pessoas para visitá-lo, sendo nove familiares e um amigo. Nos dias de visita, apenas os quatro primeiros que agendarem poderão entrar na unidade prisional. Advogados, por regra, têm direito a acesso a qualquer momento.

A pedido do juiz substituto que determinou a transferência de Maluf para o CDP, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP/DF) informou que o local conta com equipe médica multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos e dentistas. Informou também que, em caso de necessidade, os custodiados podem ser encaminhados a unidades de saúde fora dos presídios.

A secretaria disse à reportagem no início da tarde desta quinta-feira, 21, ainda não ter previsão da chegada do condenado. E acrescentou que, assim que houver a transferência para Brasília, Maluf passará por exame de corpo delito para, então, dar entrada no CDP.

Maluf foi condenado no Supremo Tribunal Federal a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, em regime fechado, por crime de lavagem de dinheiro. A ordem de execução da pena foi dada pelo relator, Edson Fachin, na terça-feira (19), ao rejeitar um novo recurso após a Primeira Turma do STJ já ter negado embargos de declaração. Para o relator, os embargos infringentes foram um recurso “meramente protelatório”.

A prisão de Maluf, que se entregou nesta quarta-feira (20) à Polícia Federal em São Paulo, se deu após longa tramitação de uma ação que apurou desvios milionários dos cofres da Prefeitura de São Paulo, que ele administrou entre 1993 e 1996. O dinheiro teria saído de obras viárias marcantes de sua gestão, o Túnel Airton Senna e a Avenida Água Espraiada, hoje Jornalista Roberto Marinho. Maluf sempre negou contas no exterior. “Não tenho e nunca tive contas no exterior”, recita, sempre que indagado sobre o tema.