Último investigado a depor à Operação Rádio Patrulha, nesta segunda-feira (17), o empresário Joel Malucelli admitiu ter participado da reunião que direcionou a licitação do programa “Patrulha do Campo”. Ele negou, porém, que tenha pagado propina à campanha de reeleição do ex-governador Beto Richa (PSDB), em 2014.

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Com o fim dos depoimentos, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deve apresentar denúncia à Justiça nas próximas semanas. Além disso, o Ministério Público Estadual (MP-PR) ainda estuda o recurso que pretende apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do ministro Gilmar Mendes, que libertou todos os investigados na Rádio Patrulha.

Em viagem à Itália quando teve a prisão temporária decretada na última terça-feira (11), Joel chegou a Curitiba na sexta-feira (14) pela manhã e permaneceu poucas horas detido. Ele e outros 13 investigados, incluindo Beto Richa, foram beneficiados pela decisão de Gilmar Mendes, dada no início da noite do mesmo dia – somente Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do tucano, segue preso, mas pela Operação Lava Jato.

As investigações da Rádio Patrulha indicam que a empresa de Joel Malucelli, a J. Malucelli, foi uma das companhias beneficiadas com o direcionamento da licitação, que previa a execução de contratos na ordem de R$ 72,2 milhões em aluguel de maquinário para reparos e manutenção de estradas rurais do Paraná.

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De acordo com despacho do juiz Fernando Fischer, que autorizou as prisões na semana passada, Joel participou de uma reunião no interior do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) junto com outros dois empresários, o colaborador Tony Garcia (que denunciou o suposto esquema) e um funcionário do órgão para deliberarem sobre os editais do programa. Pelo esquema, os contratos iriam ser superfaturados, e 8% do faturamento bruto voltaria a agentes públicos como contrapartida.

“O empresário Joel Malucelli é apontado pelo Ministério Público como um dos empresários conluiados com a fraude à licitação do programa ‘Patrulha do Campo’. Embora sua empresa não tenha vencido o certame, participou da divisão informal dos lotes com os demais empresários da organização criminosa”, diz o juiz Fernando Fischer.

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Joel Malucelli entrou e saiu da sede do Gaeco, em Curitiba, de carro e não parou para falar com os jornalistas. Os advogados dele disseram apenas que, por ora, não iriam comentar o assunto. Segundo o coordenador do grupo, Leonir Battisti, o empresário admitiu, em 1h20 de depoimento, que participou da reunião na sede do DER e que o “assunto de dinheiro” foi tratado por todos os presentes naquele encontro. Malucelli, no entanto, disse aos promotores que não pagou diretamente propina a agentes políticos do governo Richa e que apenas locou máquinas para a Ouro Verde, que venceu um dos três lotes da licitação.

Outro lado

Na semana passada, a assessoria de imprensa de Joel Malucelli informou que considera que “as acusações são injustas”, nega qualquer irregularidade e diz que ele sempre esteve à disposição das autoridades para esclarecimentos. “O empresário desde 2012 se desligou das atividades e rotinas da empresa fundada por ele e se encontra na presente data em férias, fora do país, aguardando orientação de seus advogados, que ainda não foram notificados oficialmente sobre a operação”, afirmava a nota.

Já a J. Malucelli Equipamentos negou a participação em qualquer irregularidade e informou que “não firmou qualquer contrato com o Governo do Paraná relacionado às Patrulhas Rurais”.

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