Foto: Arquivo/O Estado

Presidente recupera terreno perdido.

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A pesquisa CNT-Sensus divulgada ontem mostrou que, depois de um período de incertezas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornou novamente confiável para a maioria do eleitorado brasileiro.

Lula venceria no primeiro turno em todas as simulações para as eleições presidenciais, menos aquelas em que enfrenta o prefeito José Serra (PSDB). Mas o presidente virou a disputa contra Serra no segundo turno, que agora venceria por 47,6% a 37,6% (ele perdia por 41,5% a 37,6% para Serra em novembro).

Nas simulações de primeiro turno, Lula ainda está longe do porcentual de votos (46,44%) que obteve nas eleições de 2002; Serra, embora com tendência de queda, ainda tem um porcentual bem superior ao que conquistou naquela eleição (23,2%).

Na simulação de segundo turno, em três meses Lula ganhou 13,9 pontos porcentuais contra Serra (subiu 10 pontos e Serra caiu 3 9); já contra Alckmin, Lula avançou 13 pontos porcentuais (sua vantagem era de 8,6 pontos porcentuais em novembro e agora é de 21,6).

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Além de roubar uma pequena franja de eleitores dos concorrentes, Lula arrebanhou praticamente toda a faixa de indecisos que, de novembro para cá, optou por um pré-candidato. A pesquisa espontânea de candidato, que contava com 60,2% de indecisos em novembro, soma apenas 50,4% agora. Nela, Lula cresceu 10,6 pontos porcentuais e Serra apenas 2,8.

Segundo Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, o ganho de Lula se refere, provavelmente, a antigos eleitores que tinham se bandeado para os indecisos e agora voltaram a firmar uma opção.

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Enigma

Os resultados da pesquisa desenham um enigma para o PSDB, às vésperas da escolha do candidato presidencial pelo partido. Por um lado, desestimulam a renúncia de Serra à Prefeitura de São Paulo para enfrentar uma disputa num cenário desfavorável; por outro, voltam a evidenciar a fragilidade dos demais pré-candidatos tucanos, impotentes para, nas simulações, pelo menos forçar Lula a um segundo turno.

Curiosamente, a pesquisa revela que 59,4% dos eleitores opinam que uma eventual renúncia à prefeitura não afetará a imagem de Serra.

A rejeição a Lula também diminuiu: está agora em 35,8% (era de 39,3% em novembro), enquanto as de Serra (41,7% agora, 38,7% em novembro) e do governador Geraldo Alckmin (39,9% agora, 40,7% em novembro) subiram. A rejeição de Lula ainda é preocupante, segundo Guedes, mas apresenta tendência declinante.

Já a de Serra fica bem próxima dos 42% negativos que ele tinha no primeiro turno de 2002. A de Alckmin é menos incômoda porque ele ainda ostenta alto nível de desconhecimento pelo eleitorado (19%) – quando desconhece o candidato o eleitor não declara voto nele.

Um número expressivo (48,1%) de eleitores afirmou que pretende votar em Lula em outubro; 43,4% disseram que não pretendem votar nele. Os primeiros explicaram os motivos pelas quais pretendem contribuir para a reeleição do presidente: ele "cuidou dos mais pobres" (40,9%); "ajudou o crescimento do País" (21,6%); e é "um homem do povo" (14,6%).

Notícias

Para Alckmin, a pesquisa trouxe uma notícia ruim e duas boas. A ruim são os seus próprios indicadores, que pouco evoluíram desde novembro e a perspectiva de derrota no primeiro turno. As boas são o desestímulo à renúncia de Serra – o que faria de Alckmin o candidato natural do PSDB – e a sua indicação, sob influência direta do eleitorado paulista, com maior participação relativa na pesquisa, como o melhor governador do País ( 36,9%).

Os pré-candidatos tucanos perderam substância nos segmentos do eleitorado que lhes eram mais fiéis, como, por exemplo, os eleitores de alta escolaridade e alta renda. Segundo Guedes, essas perdas espelham um desencanto com as disputas entre Serra e Alckmin.

Guedes admite que o resultado foi surpreendente por sua magnitude e diz que "o susto do eleitorado com a crise de moralidade está passando". Ele afirma, no entanto, que esses números não são conclusivos, porque o ambiente político nacional está revelando características de alta volatilidade e o eleitor está longe de tomar decisões definitivas sobre os critérios que adotará para definir o seu voto em outubro.