O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve, no início desta noite, na abertura da 40ª Assembleia Nacional, da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), em Uberaba (MG), e num discurso de 24 minutos falou apenas sobre o assunto. Ele fez algumas brincadeiras para exemplificar que as futuras gerações de prefeitos estão mais preocupadas com o saneamento básico, um problema sério e que implica em saúde, e que o tema deve constar dos programas de governo dos presidenciáveis. Foi a única referência que fez sobre política, além de afirmar que, na próxima semana, assinará um decreto que regulamenta a lei de saneamento básico, algo que está parado há cerca de dois anos e que ele desconhecia.

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“Vocês vão debater durante cinco dias e não precisam se preocupar em colocar aquilo que acham que ainda não fizemos, porque tem candidato por aí, e ele têm que se comprometer (com o saneamento básico) já nos programas (de governo)”, alertou Lula, no encerramento de seu discurso. Segundo ele, as pessoas que discutem o assunto pelos municípios devem apresentar propostas a serem incluídas até agosto no orçamento de 2011, senão os pedidos só poderão chegar em 2012. “Obrigado por nos cobrarem, por serem praticamente a lanterna num farol da nossa responsabilidade com o saneamento básico”, disse o presidente.

Pouco antes, Lula citou que ficou frustrado quando soube, momentos antes, durante o discurso do presidente da Assemae, Arnaldo Luís Dutra, que um decreto para regulamentar o setor de saneamento básico está parado há cerca de dois anos em Brasília. “Fico sabendo apenas hoje que o decreto não foi regulamentado porque tem ministro que ainda não assinou”, discursou o presidente, sem citar quem seria o ministro. Em Uberaba, Lula estava acompanhado de dois ministros: Márcio Fortes (Cidades) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência). “Quais os interesses por trás disso?”, questionou o presidente, emendando: “O que não foi assinado em dois anos será regulamentado na próxima semana.” Lula lembrou ainda que não existe justificativa para a demora de dois anos.

Para o presidente, investir em saneamento básico é uma prevenção à saúde e que talvez viajasse para a África do Sul sem ter resolvido o assunto, caso não fosse informado. “Saneamento básico deixou de ser coisa de rico e não é possível que uma cidade, que têm praias maravilhosas, não tenha estação de tratamento para um quilo de esgoto”, mencionou ele.

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Lula acrescentou que sua gestão, em oito anos, também estreitou relações com os prefeitos de cidades pequenas, que antes não encontravam uma maneira de pedir recursos em Brasília. “Ainda é pouco para recuperar o tempo perdido.” E emendou que poderá dormir tranquilo, pois os prefeitos de quaisquer partidos não deixaram de ser atendidos em seu governo por divergências políticas.

Lula referiu-se a uma “geração mais responsável”, a dos futuros políticos, que podem discutir assuntos importantes para suas comunidades e não jogarem “lixo embaixo do tapete”. Ele citou isso após lembrar que entrou em favelas e que políticos anteriores foram irresponsáveis ao deixar ocupações em lugares inadequados, como o desastre ocorrido em Niterói (RJ), após uma chuva, neste ano. “Ninguém assumiu”, disse ele. “Não é banal colocar saneamento básico como prioridade.”

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