Preocupado com o racha na base aliada por causa da sucessão no Congresso, marcada para fevereiro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou na noite de quinta-feira (7) o senador José Sarney (PMDB-AP) para uma conversa reservada, no Palácio do Planalto. Lula perguntou a Sarney se ele pretende concorrer ao comando do Senado e se o PMDB veta a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC), apoiada pelo governo. Não foi só: disse que, antes de tudo, é preciso garantir a unidade entre o PT e o PMDB para a eleição presidencial de 2010. Sarney não assumiu a candidatura porque não quer virar alvo de ataques com tanta antecedência. Aos amigos, o senador tem afirmado que só aceitará entrar no páreo se for nome de consenso.

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Lula estava interessado em saber se Sarney tinha motivação pessoal para concorrer, mas não obteve sucesso. Discreto, ele não deu pistas sobre suas intenções nem comentou a pretensão do PMDB – fortalecido após as eleições municipais – de abocanhar mais cargos no governo. A meta da sigla, agora, é ocupar o Ministério da Justiça.

Na tentativa de resolver o imbróglio, Lula vai se reunir com os seis ministros do PMDB e o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), na segunda quinzena deste mês, após as viagens a Roma e Washington. Fará um apelo aos peemedebistas para evitar confronto em sua base de apoio na eleição para a escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado. Lula insiste em que o PMDB deve apoiar Viana, já que o PT garante aval a Temer na Câmara. O impasse tem como pano de fundo uma queda-de-braço entre os aliados, que medem forças dois anos antes da disputa presidencial.

“É cedo para esse confronto, pois temos muito chão e pista pela frente”, disse o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Articulador político do Planalto, Múcio minimizou os atritos e o namoro do PMDB com os tucanos. “Temos de deixar exaurir as tensões e emergir as pretensões para que nasçam as soluções”, filosofou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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