Ele voltou afiado

Lula ataca os formadores de opinião na festa do PT

Ao participar da festa dos 31 anos do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou nesta quinta-feira à noite em tom exaltado os “formadores de opinião”, que segundo ele estão tentando criar diferenças entre o governo dele e o de Dilma Rousseff. “O sucesso do governo Dilma é o meu sucesso. O fracasso de Dilma é o meu fracasso”, reclamou.

“Se a grande desconstrução do governo Lula é falar bem do governo Dilma eu posso morrer feliz”, completou. “Alguém tem de fazer mais e melhor, se era para fazer a mesma coisa eu disputaria o terceiro mandato.”

Em tom de ironia, Lula disse que irá bater palmas toda vez que falarem bem de Dilma. “Eu apenas não estou no governo. Mas sou governo como qualquer companheiro que está no governo”, afirmou. “A minha relação política com a Dilma é indissociável nos bons e nos maus momentos.”

Quarenta dias após descer a rampa do Palácio do Planalto, o ex-presidente foi a estrela do ato político organizado pelo PT. Diante de um partido dividido por disputas internas relativas a cargos e espaços nas comissões do Congresso, Lula foi reconduzido à presidência de honra do PT em clima de forte emoção.

Vestido com uma guaiabeira vermelha, Lula abriu o discurso comparando a vida de um ex-presidente a de um “cão que cai de um carro de mudança”. Logo em seguida, ele disse que tinha consciência do papel reservado ao PT, a ele e aos partidos de esquerda na sociedade brasileira.

“Para compreendermos bem o significado dos 31 anos de existência do PT é preciso fecharmos os olhos por alguns minutos e imaginar o Brasil sem PT”, disse. “Imagine o vazio político sem um partido com a força e a composição heterogênea do PT?”

Lula tentou acabar com o mal estar e o clima pesado das disputas com um discurso em tom de brincadeira. “Um militante revolucionário tem duas namoradas: uma tática e outra estratégica”, disse, provocando risos da plateia.

Ao defender a trajetória do PT, ele criticou a “lógica” política predominante antes da fundação do partido. “Os partidos tradicionais compreendiam que a classe operária não tinha poder de liderança, tudo era espontâneo e só quem sabia fazer era a classe letrada “

Lula disse que os governos dele e de Dilma criaram uma nova escola de governança e afirmou que as camadas mais humildes da sociedade tiveram mais benefícios e garantia de direitos. “Agora, pobre anda de avião”, afirmou. “Antes só andava de carro velho, de Brasília nas ruas.”

Antes da festa, o ex-presidente conversou com várias pessoas em um elegante hotel de Brasília. Esta tem sido a sua prática nos últimos dias. “Estou cansado de descansar”, brincou.

Na tarde desta quinta-feira, antes de participar do ato político, no Sindicato dos Bancários de Brasília, Lula recebeu, por exemplo, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Luciano Coutinho, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB.

O auditório lotado reuniu ainda mensaleiros, como o ex-ministro José Dirceu, governadores e ministros do atual governo e da era Lula, hoje desempregados.

Mais uma vez, Dirceu reafirmou sua inocência no processo do mensalão que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu quero ser julgado. Eu não quero que prescreva São quatro anos de análise do caso pelo Supremo e até agora não houve o julgamento”, reclamou.