Ao explicar o discurso desta quarta-feira, 10, em plenário, quando cobrou compromissos dos partidos aliados em relação às votações de interesse do governo, o líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), defendeu, nesta quinta-feira, o enxugamento da base aliada. “Prefiro uma base menor, mais programática, com mais nitidez política, do que esse colchão que muitas vezes não junta os corpos que estão dentro dele”, desabafou o petista.

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Durante a votação do projeto que destina recursos dos royalties do petróleo para Educação e Saúde, o governo viu parte da sua base se opor ao texto aprovado pelo Senado, que era o defendido pelo Planalto. Para não sofrer nova derrota na Casa, PT e PMDB utilizaram recursos regimentais para impedir a votação e assim conseguiram esvaziar a sessão sem concluir a apreciação do projeto.

Em meio ao debate acalorado, Guimarães foi à tribuna cobrar fidelidade dos partidos governistas. “Quem é governo tem ônus e bônus. Não pode ter bônus de um lado e ter ônus de outro lado. Eu quero rediscutir a nossa relação com o PDT, com o PSD, até para se estabelecer uma nitidez política na disputa”, declarou em plenário. “Não é razoável ser oposição de noite e governo de manhã”, complementou.

Nesta quinta, após passar o dia se justificando com alguns deputados, Guimarães disse que trabalha para construir uma relação de coerência e franqueza com os aliados, seja na hora de assumir o ônus do desgaste do governo quando ele é vaiado, seja na hora de dividir o bônus de entregar uma obra para a comunidade. “O bônus é participar da formulação, é inaugurar junto com a presidenta, é inaugurar as obras do PAC. A gente discute aqui e no outro dia o deputado está inaugurando a escola. Não pode ser assim: governo na rua e oposição aqui dentro. Foi isso que eu quis dizer”, explicou.

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Guimarães afirmou que na quarta fez apenas um “desabafo” após ouvir críticas ao governo. “Na vida você tem sempre que ter um lado. Eu sei comprar o desgaste por ser governo e sei ter bônus quando o governo vai realizar as obras públicas que melhoram a vida do povo brasileiro”, completou.

Para o líder do PT, o governo precisa conversar com todos os partidos da base na tentativa de “recompor”, “trocar as cordas (do violão) que quebraram” e “juntar as pedras”. “Vamos ver o que dá para recompor”, afirmou.

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Guimarães negou que as declarações do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prejudique ainda mais a relação com os aliados no Parlamento. Ao jornal Folha de S.Paulo, Mercadante sugeriu que o eleitorado pode cobrar do Congresso Nacional a consulta popular para a reforma política. “Não atrapalha em nada, não”, avaliou o líder do PT.