Lava Jato aponta sobrepreço de 16% em um contrato da Abreu e Lima

A Operação Lava Jato suspeita que as obras relativas a apenas um dos contratos da Refinaria Abreu e Lima (RNEST, Pernambuco), da Petrobras, custaram R$ 648 milhões a mais que o orçado, revelou reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, na terça-feira, 7. Os investigadores calculam sobrepreço de 16%. Eles trabalham com a hipótese de que parte desse valor foi pago em propinas para deputados, senadores e partidos políticos.

Segundo o Jornal Nacional, laudo pericial produzido com base na análise de extratos bancários, movimentações financeiras e troca de e-mails entre executivos mostra que o preço da corrupção nesse contrato da Abreu e Lima superou em mais de cinco vezes o que foi revelado pelo primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento). Ele afirmou que a propina repassada a parlamentares e agremiações ficava em torno de 3% do valor superfaturado de cada contrato.

O laudo aborda o contrato de montagem, construção, fornecimento de suprimentos e aditivos das unidades de coqueamento retardado da Abreu e Lima. Para chegar à conclusão de que foram liberados a mais R$ 648 milhões, os investigadores cotejaram preços pagos pelo consórcio a fornecedores e os valores que revendia à Petrobras.

Os investigadores da Lava Jato sustentam que em alguns casos o lucro do consórcio atingiu 1.600%, destacou o Jornal Nacional.

A reportagem mostra que na documentação recolhida na sede da empreiteira Camargo Corrêa durante a Operação Juízo Final – fase da Lava Jato que derrubou o cartel de empreiteiras no esquema de propinas na Petrobras – identificou depósitos que somaram R$ 26 milhões para 30 empresas sob suspeita de lavagem de dinheiro.

Entre essas empresas estão a consultoria Costa Global, controlada por Paulo Roberto Costa, que captou R$ 2,8 milhões da construtora, entre outubro de 2012 e dezembro de 2013.

A JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula), José Dirceu, recebeu R$ 844 mil da Camargo Corrêa, entre maio de 2010 e fevereiro de 2012.

Defesa

O Consórcio Nacional Camargo Corrêa considera que não procede a informação de sobrepreço e destacou à reportagem do Jornal Nacional que está prestando esclarecimentos às autoridades.

A defesa de Dirceu argumentou que sua empresa de consultoria, já desativada, foi contratada pela Camargo Corrêa para atuar em Portugal e que a própria empreiteira reconhece este dado. A defesa do ex-ministro sustenta que o contrato e notas fiscais foram entregues à Justiça Federal no Paraná em janeiro.

A defesa de Paulo Roberto Costa disse que ainda não teve acesso ao laudo da Lava Jato.