Lacerda diz não crer em ligação de Dantas com grampo

O diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, disse hoje não acreditar que o sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, esteja por trás das escutas clandestinas no Supremo Tribunal Federal (STF). Após descer o elevador do Palácio do Planalto, ele ressaltou que pretende comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Grampo, na Câmara, para prestar depoimento sobre suspeitas de interceptações clandestinas. “Eu irei à CPI quantas vezes me chamarem”, afirmou. “No que pudermos colaborar, vamos colaborar.

Em rápida entrevista, Lacerda disse que aguarda o resultado das investigações da Polícia Federal, que apura a autoria das escutas nos telefones de autoridades como o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). “A Polícia Federal tem todas as condições de esclarecer os fatos, é o que a gente espera”, disse. Quando questionado sobre o suposto envolvimento de Daniel Dantas nas escutas, como cogitaram setores do governo e da Abin, Lacerda disse: “Não acredito”.

Lacerda, embora afastado temporariamente da Abin, está vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional, órgão que funciona no Palácio. O gabinete é chefiado pelo ministro Jorge Felix. Ao ser indagado se espera retornar ao comando da Abin daqui a dois meses, ao final da sindicância, Lacerda respondeu apenas que está confiante de que o fato será esclarecido.

Ele salientou estar tranqüilo em relação às denúncias e à repercussão política das suspeitas de grampos. “Estou com 62 anos, já não tenho motivos para ficar chateado; essas coisas acontecem”, disse. Lacerda confirmou ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes do afastamento da Abin. “Ele (Lula) disse apenas que espera que o fato seja esclarecido completamente”, completou. Na última segunda-feira, o Planalto divulgou nota ressaltando que Lula afastou temporariamente o diretor da Abin para dar “transparência” às investigações da Polícia Federal.