A pedido do Ministério da Justiça da Itália, a Corte de Apelação de Bolonha decidiu manter preso o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do mensalão pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Pizzolato fugiu para o país europeu em setembro do ano passado tentando escapar do cumprimento da pena. Ele alega ser inocente.

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O tribunal renovou automaticamente a reclusão do ex-diretor do BB, que está no presídio de Sant’Anna, em Módena, onde poderá ficar pelo menos até 17 de março, quando acaba o prazo de 40 dias para que o Brasil peça a extradição dele, segundo tratado com a Itália. O procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, reconheceu que será difícil conseguir que o governo local extradite um de seus nacionais – Pizzolato possui cidadania italiana.

Pelella ressaltou que a manifestação do ministério pode indicar que os italianos não descartam extraditar Pizzolato. O ex-diretor foi preso na Itália em cumprimento a um pedido do governo brasileiro, via Interpol, e não por ter sido flagrado com documentos falsos, crime de baixa gravidade.

“O fato de haver um pedido de manutenção da prisão é importante”, disse Pelella, que ontem se encontrou com o chefe da Procuradoria da República em Módena, Vito Zincani. “Convenhamos: se não há possibilidade de extradição, a prisão não é relevante”.

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No início do mês, o Tribunal de Bolonha já havia negado o pedido de Pizzolato para acompanhar seu processo de extradição em liberdade. As autoridades rejeitaram tanto a liberdade condicional, por risco de fuga, quanto a prisão domiciliar – neste caso, por falta de bracelete eletrônico para o monitoramento do preso.

O tribunal só se pronunciará agora mediante pedido da defesa de relaxamento de prisão ou prisão domiciliar.

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Foragido desde novembro do ano passado, quando sua prisão foi decretada pelo Supremo Tribunal Federal, Pizzolato foi preso no dia 5 de fevereiro na cidade de Maranello, no norte da Itália. Ele estava na casa de um sobrinho.

Extradição

O próximo passo do processo se dará a partir da chegada do pedido de extradição do Brasil, que deve ficar pronto esta semana. A decisão sobre a “devolução” do prisioneiro será da Corte de Apelação, com possibilidade de recurso à Corte de Cassação em Roma. Por fim, cabe ao Ministério da Justiça cumprir ou não a decisão do Judiciário.

Pelella e o chefe do setor de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, Vladimir Aras, chegaram à Itália na semana passada. Estiveram no Ministério do Interior e, nesta segunda-feira, 17, conversaram com procuradores italianos em Bolonha. Estavam preocupados com a possibilidade de relaxamento da prisão. Segundo o Código Penal italiano, a manifestação do Ministério da Justiça deveria ocorrer no máximo dez dias após a prisão. Segundo Aras, é indiferente para o Brasil se Pizzolato ficará em uma penitenciária comum ou se ganhará prisão domiciliar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.