Juízes do Paraná decidem aderir à paralisação

Juízes do Paraná resolveram aderir à paralisação, proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros, contra a Reforma da Previdência. A decisão foi tomada ontem, em reunião extraordinária realizada no décimo andar do Palácio da Justiça, em Curitiba. Ao todo, o Estado conta com oitocentos juízes, sendo que seiscentos estão na ativa.

“Não concordamos com o texto da Reforma da Previdência apresentado pelo governo Federal ao Congresso Nacional e a paralisação é uma forma de manifestarmos a nossa opinião”, afirma o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Roberto Portugal Bacellar. “Não podemos ficar de braços cruzados, pois depois que a reforma for aprovada do jeito que está sendo proposta não adianta chorar. Devemos fazer alguma coisa para impedir que o erro aconteça.”

Segundo Bacellar, a reforma irá alterar a constituição e eliminar direitos já garantidos, não beneficiando em nada os cidadãos. “O governo está confundindo seguridade, que foi superavitária em R$ 36 bilhões no ano de 2002, com Previdência. No país, a administração da Previdência sempre foi falha e, no momento, quem está levando toda a culpa é o servidor”, afirma.

Bacellar acredita que a população está sendo enganada e deveria ser melhor consultada sobre o assunto. “Para aprovar a reforma, o governo está apresentando um monte de dados que não são verdadeiros e números mascarados. A situação da Previdência no Brasil está do jeito que está não por culpa do servidor mas, entre outras coisas, por causa dos desvios de dinheiro que foram feitos para a construção de estradas e usinas.”

A paralisação vem sendo articulada desde o último dia 16 de junho, quando juízes e promotores realizaram uma mobilização nacional contra a Reforma da Previdência. Já optaram em aderir ao movimento as associações de magistrados dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Acre. Na próxima segunda-feira, juízes de todo o país devem se reunir em Brasília para conversar sobre uma possível greve nacional, ainda sem data prevista para ser desencadeada.

Mais 72 horas parados

Embora apenas dezoito auditores da Receita Federal tenham comparecido à assembléia de anteontem, em Curitiba, eles decidiram por mais 72 horas de paralisação semanal. As atividades de técnicos e auditores foram paralisadas terça, quarta e quinta-feira. Por apenas dois votos, os auditores derrubaram a proposta de parar por tempo indeterminado.

Segundo o presidente da Unafisco em Curitiba, Norberto Sampaio, o movimento contra a reforma da previdência já atrapalha as exportações paranaenses. Nas duas estações aduaneiras que ficam na capital, uma série de negócios estão parados por falta de avaliação da receita. No país, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o país exportou U$ 254 milhões, contra U$ 284 milhões na semana anterior.

No Paraná, o serviço de fiscalização tributária interna e externa sofre os efeitos da greve. O atendimento ao público em Curitiba foi reduzido no Prédio Central, na Marechal Deodoro, nas agências da receita no Portão e em São José dos Pinhais. A paralisação também ganha força no interior.

O Estado tem pouco mais de quatrocentos auditores. Metade é de servidores aposentados. O resultado da votação no Paraná foi encaminhado para Brasília no início da noite desta quinta. A Unafisco só define o rumo do movimento no país depois de somar a votação de todos os estados.

Cefet

Os professores do Cefet-PR (Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná) decidiram seguir o mesmo rumo adotado pelos mais de duzentos técnicos administrativos. Eles iniciaram greve por tempo indeterminado. O sindicato dos docentes do Cefet espera agora a adesão de todos os 704 professores da instituição. Há 10 dias, a categoria iniciou um movimento de paralisação que já esvaziou as salas de aula.

Hospital não foi afetado

A greve dos servidores técnicos administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ? que completa três dias hoje ? não afetou o atendimento no Hospital de Clínicas (HC). A diretoria do hospital registrou ontem a falta de 26 dos mais de 2 mil funcionários que trabalham no local, o que não chegou a afetar o atendimento.

Os servidores se reuniram em assembléia na manhã de ontem para definir estratégias para o movimento, em protesto contra a reforma da Previdência. A servidora Márcia Messias, do comando de greve, disse que a UFPR está seguindo as orientações da Federação dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), e que somente três das 49 instituições filiadas à entidade ? no Amapá, Roraima e Uberaba (MG) ? não aprovaram a paralisação por tempo indeterminado.

Na segunda-feira os servidores voltam a se reunir em uma assembléia de avaliação, no Restaurante Universitário (RU). Segundo Márcia, a partir daí, movimento deve ganhar corpo, já que as atividades na UFPR voltam ao normal, depois de uma semana de recesso. (Rosângela Oliveira)

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