Em entrevista concedida nesta terça-feira (12) à Rádio da Liderança do PSDB no Senado, Gustavo Fruet confirmou sua saída do PSDB e fez duras críticas ao partido por apoiar a reeleição do atual prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB). Leia abaixo a entrevista de Fruet na íntegra:
“Depois de todo esse processo, em um partido ao qual me dediquei, agi com muita consciência e muita determinação. Em um momento difícil da política brasileira, acabei me afastando muito da vida partidária local. Ano passado, deixei de disputar a reeleição para deputado federal, aceitando a convocação de última hora, no último prazo, para disputar a vaga de senador pelo PSDB do Paraná.
Não foi possível uma vitória, mas foi uma votação excepcional e depois disso deixei de participar do governo. Então, fiz um pedido para que pudesse assumir o partido na capital, onde construí toda a minha atividade, toda a minha carreira e onde sempre tive as melhores votações, tanto para deputado federal quanto para senador.
Porém, já se passaram quase oito meses e se estabeleceu um silêncio constrangedor. Nesse período, várias pesquisas divulgaram que há um potencial de disputa para a Prefeitura na capital. Acredito que estou legitimado a trabalhar por este projeto, mas sempre defendi clareza por parte do PSDB.
Esse silêncio reinou e eu entendo que agora é o momento de tomar um novo caminho, sem mágoas, sem ressentimentos, sempre reafirmando esse papel na história. Mas é um aprendizado. Quem se dedica muito à política nacional acaba deixando de conversar com as pessoas de sua região, de sua província, se sua paróquia. Isso acaba sendo fatal na vida partidária. Agora, eu quero olhar para o futuro, estou determinado a ir para as ruas conversar com o povo e construir um novo projeto.
A carta (que vai ser entregue ao partido amanhã) é para que haja conhecimento e também para formalizar o desligamento, para deixar claro o agradecimento por toda a trajetória, em especial ao presidente nacional, Sérgio Guerra, aos líderes com quem tive a oportunidade de conviver no Congresso, à bancada federal, à bancada de senadores e avisar o presidente do partido no Paraná, que é o governador Beto Richa.
Ainda deixar claro que apesar de todas as tentativas, foi negada a possibilidade de um diálogo a partir da direção do partido na capital para construir esse projeto. Mas de forma alguma há ressentimento e a ideia agora é pensar no futuro, mas sempre lembrando que infelizmente no Brasil não temos tradição partidária.
Eu adoro a política, é um projeto de vida, faço com muita determinação, mas entendo que não se pode fazer disso obsessão. O futuro a Deus pertence, mas vai depender muito do sentimento popular, da receptividade da opinião pública para a construção desse projeto.
O PSDB do Paraná tende a apoiar hoje na capital um candidato. Eu jamais questionei a possibilidade do atual prefeito em trabalhar sua reeleição, mas ele é do PSB, um partido da base do governo. Nada contra, mas é para chamar a atenção de como é difícil construir um projeto de médio e longo prazo com tamanhas contradições, principalmente quanto o interesse local acaba prevalecendo e, por vezes, sem a devida transparência”.