O cientista político e professor do Insper Humberto Dantas avalia que a melhora na aprovação do governo Dilma Rousseff apresentada pela pesquisa CNI/Ibope mostra que o PT conseguiu blindar a imagem pessoal da presidente dos escândalos de corrupção na Petrobras.

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“As denúncias ainda estão poupando, por assim dizer, um viés político do problema. Elas têm ficado muito no campo das empreiteiras e servidores da Petrobras, por mais que muitos deles sejam claramente ligados a partidos”, disse Dantas ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Para Dantas, a perspectiva ainda é positiva para o governo continuar poupando a imagem de Dilma, mesmo com as notícias que sugeriram uma responsabilização da presidente da estatal, Graça Foster.

O professor avalia que, diferentemente do que vem sendo dito, Dilma não está tentando poupar Graça, que foi sua indicação pessoal para o cargo, mas fazendo um cálculo político. “Graça ainda pode servir de escudo para a Dilma, esse cálculo está sendo feito pelo PT e pelo governo”, afirmou.

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O cientista político lembrou ainda que é natural, após uma eleição, haver uma “ressaca política”, um distanciamento do cidadão, e que isso leva a uma melhoria na avaliação do representante. Ao mesmo tempo, destaca, deveria ser a estratégia da oposição tentar colocar no foco o escândalo da Petrobras e colar as denúncias à imagem da presidente. “Vamos ter que entender se a oposição vai conseguir de fato fazer isso.”

Dantas ponderou que, apesar de ter saído com alguma força da eleição, a oposição encabeçada pelo PSDB ainda está apoiada também sobre uma base aliada que “chantageia” a presidente em um momento de definições de ministérios.

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Uma vez apaziguados os ânimos com PMDB e outros partidos rebeldes da base, possibilidade que Dantas classifica como “provável”, essa oposição corre risco de se enfraquecer. Nesse sentido, o professor acredita que o governo deve ter alguma tranquilidade em manter a blindagem à figura de Dilma.

Para Dantas, o que pode ter impacto maior na popularidade futura da presidente é a provável piora de indicadores econômicos. “A crise econômica de que se fala ainda não foi sentida de fato pela população. A inflação está no teto, mas continua no patamar que já estava, o governo tem conseguido manter emprego, mas não sabemos até quando isso vai se sustentar.”

O levantamento CNI/Ibope divulgado nesta manhã mostrou que a aprovação à maneira de governar da presidente passou de 48% para 52% entre setembro e dezembro, ao passo que a desaprovação passou de 46% para 41% no mesmo intervalo. A confiança no governo Dilma também cresceu, passando de 45% para 51%.

O governo petista foi avaliado como ótimo ou bom por 40% dos entrevistados, ante 38% em setembro. A avaliação regular do governo Dilma oscilou de 32% para 33% e a ruim ou péssima oscilou de 27% para 28%.