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Hacker preso pela PF era tratado por codinome de personagem de ‘La Casa de Papel’

O motorista de aplicativo Danilo Cristiano Marques tinha acabado de ser preso, em 23 de julho de 2019, quando recebeu uma visita surpresa de um advogado que até então desconhecia. “Calma, estou aqui a mando do ‘Professor’. Você não vai precisar pagar por sua defesa”, avisou o defensor, do outro lado da grade. Danilo foi um dos quatro presos na primeira fase da Operação Spoofing, da Polícia Federal, que investiga o grupo que grampeou as principais autoridades do País.

Professor é um personagem de “La Casa de Papel”, série espanhola de sucesso do serviço de streaming Netflix. Na ficção, um grupo de nove ladrões, liderados pelo “Professor”, prepara o roubo do século na Casa da Moeda da Espanha com o objetivo de fabricar o próprio dinheiro. O grupo diz cometer os crimes por ideologia e na série é adorado pela população.

Na vida real dos hackers, “Professor” é o jovem programador Thiago Eliezer Martins Santos, considerado o mentor intelectual por trás dos crimes de Walter Delgatti, o “Vermelho”, também preso na primeira fase da operação. Delgatti afirmou ter vazado mensagens capturadas em celulares de procuradores da Lava Jato para o site The Intercept.

Já o “Professor”, que teria enviado os advogados até Danilo, foi preso na segunda fase da Spoofing, deflagrada no fim de setembro. Conforme a PF, o “Professor” tem conhecimentos avançados na área de tecnologia da informação. Programador por formação, é especialista em invasões de sistemas. Segundo os investigadores, foi ele quem ensinou Delgatti a invadir os celulares e aplicativos.

No material apreendido na casa de Thiago Eliezer, os policiais encontraram orientações para Delgatti invadir o celular da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). Também foi com o “Professor” que o primeiro hacker preso negociou uma Land Rover avaliada em R$ 400 mil.

Segundo depoimentos colhidos pela PF, Thiago Eliezer também era conhecido dentro do grupo como “Crash”. O apelido de “Professor” surgiu após ele dar dinheiro para Delgatti presentear um professor da faculdade onde ele estudava Direito. A partir de então, a palavra “professor” ficou definida pelo grupo de hackers como sendo o código a ser usado caso algo desse errado.

Na prática, no entanto, a estratégia do grupo parece não ter funcionado, pois Danilo não aceitou ajuda do advogado estranho e resolveu contar o que sabe. Ele ficou assustado com “mais um rolo” de Delgatti. Preferiu a representação da Defensoria Pública da União e contou a história do professor à PF. Os investigadores juntaram a informação do codinome de Thiago Eliezer ao manancial de provas já colhidas contra o “Professor”.

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