Mensagem ao Partido

Grupo do PT quer que a sigla abra mão de doações antes de aprovar tesoureiro

A chapa Mensagem ao Partido, segunda maior força dentro do PT, vai condicionar sua aprovação ao nome do novo tesoureiro do partido à aceitação da proposta de que o partido não receba mais doações empresariais. A proposta conta com o apoio de setores da Partido que Muda o Brasil (PMB), maior força do PT, mas é difícil sua aprovação antes do 5º Congresso, marcado para junho em Salvador.

“Nós devemos condicionar o novo tesoureiro a isso”, disse o secretário nacional de formação política do PT, Caros Henrique Árabe nesta quinta-feira, 16, ao deixar a sede do PT em São Paulo. A PMB tem cerca de metade do diretório, enquanto a Mensagem tem 17 dos cerca de 80 integrantes. Assim como João Vaccari Neto – preso quarta-feira, 15, em meio às investigações da Lava Jato – o substituto deve sair do PMB. A aprovação da segunda maior força política dentro da legenda, contudo, deve ter peso na decisão prevista amanhã.

A ideia de o PT voluntariamente abdicar da doação de empresas vem ganhando apoio dentro do partido com manifestações de apoio do presidente nacional da legenda, Rui Falcão, do assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia e de integrantes do Movimento PT, terceira força na sigla. Por enquanto, avalia Árabe, a posição é abertamente defendida apenas pela Mensagem, mas ele acredita que pode ser uma visão majoritária até o 5º Congresso do partido.

Comissão

O dirigente disse também que a Mensagem vai propor formalmente amanhã que se forme uma comissão para ouvir todos os filiados que são alvo de inquérito na Lava Jato. A ideia é ouvi-los antes de decidir se o partido pode tomar qualquer iniciativa de afastamento. A Mensagem defende que os citados formalmente em casos de corrupção sejam afastados de cargos de direção no partido. Nessa situação estavam João Vaccari Neto, que se afastou ontem, e o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE).

O senador disse hoje que não teme um afastamento. “Isso já foi discutido, inclusive na bancada do Senado, e eu fui recolocado como líder, não tem nada disso não”, disse mais cedo ao deixar a sede. Árabe repetiu que a Mensagem considera injusta e incorreta a prisão de Vaccari.

Ele, assim como outros dirigentes que deixaram a reunião da Executiva, disse que não foram ainda citados nomes para assumir a tesouraria, mas apenas discutido o perfil do candidato. “Tem que ter um perfil que consiga responder a essa situação extremamente difícil”, afirmou.