O governo quer um acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU) para estabelecer um cronograma de pagamento do estoque de despesas que foram “pedaladas” pela equipe econômica no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. O argumento é que o espaço fiscal restrito não permite colocar em dia todas as despesas represadas – processo que vem sendo chamado informalmente de “despedalada” – em menos de três anos.

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A área econômica aguarda decisão do plenário do TCU sobre recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União e pelo Banco Central, que recorreram da decisão do tribunal. A corte de contas determinou a correção das pedaladas, entre elas o pagamento imediato dos valores devidos ao FGTS, Caixa Econômica Federal e subsídios de equalização de taxa de juros de BNDES e Banco do Brasil.

O relator do caso é o ministro Vital do Rêgo. A interlocutores, ele tem afirmado que até agora não foi procurado por integrantes do governo para conversar sobre o cronograma de correção. Ele tem dito que, na decisão do TCU anterior ao recurso, já estava previsto o “cronograma de reequilíbrio”. No momento, o processo está na Secretaria de Recursos do TCU, último órgão técnico que se manifestará sobre o caso antes de o ministro preparar seu voto para ser levado ao plenário.

A expectativa é de que o julgamento do recurso em plenário ocorra em novembro. O governo já conta que a decisão deverá ser desfavorável, depois que o TCU rejeitou as contas da presidente em 2014 por causa das irregularidades apontadas com os atrasos das manobras fiscais.

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Por isso, se prepara para ganhar do tribunal tempo para corrigir as pedaladas, diante da gravidade da crise fiscal. Uma correção de uma única vez jogaria por terra o esforço de garantir superávit das contas públicas em 2016, além de comprometer o resultado fiscal de 2017.

‘Em mora’

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Até o julgamento, porém, o governo e o BC conseguiram um efeito suspensivo em relação às determinações do TCU, incluindo a decisão de incorporar R$ 40,2 bilhões no cálculo da dívida líquida do setor público e no resultado primário das contas públicas. Dessa forma, o entendimento do governo é de que, enquanto não for julgado o mérito do recurso, não está em “mora” e nem descumprindo qualquer decisão do TCU.

A equipe econômica decidiu aguardar a decisão do TCU para definir sobre a regularização do estoque das despesas postergadas. “As pessoas estão confundindo fluxo com estoque e, aí, entendem erradamente que o governo está cometendo os mesmos erros do passado”, disse um integrante da equipe econômica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.