Governo inerte deixa o PMDB angustiado

O governo age apenas administrativamente e não faz política, comprometendo o futuro eleitoral do maior partido do estado, o PMDB. O diagnóstico é do deputado estadual Nereu Moura, que expressou a angústia dos peemedebistas com o que consideram inércia política do governo e os reflexos dessa postura nas eleições de 2010.

“Nós estamos assistindo ao jogo, calados. É como se estivéssemos vendo o desmoronamento vindo, sem fazer nada. Se sobrevivermos, podemos dar vivas depois”, disse Moura, ao descrever o sentimento dos peemedebistas que não vêem um esforço do governo para traçar uma estratégia eleitoral para 2010.

O nome não é citado, mas a posição do governador Roberto Requião (PMDB) é o que preocupa os peemedebistas. Requião não dá sinais de interesse sobre o destino do partido em 2010. E todos reconhecem que a alternativa interna para a disputa de 2010, o vice-governador Orlando Pessuti, não entusiasma o governador.

Pessuti, por sua vez, nem sempre tem acertado na tentativa de atrair Requião para seu lado. Hoje, o vice-governador volta de um período de férias de quinze dias no exterior. Viajou logo depois que terminou sua interinidade no governo, durante a viagem de Requião ao Oriente Médio.

No período em que esteve à frente do governo, conseguiu irritar o titular do cargo com uma série de pequenos atos. Um deles foi receber, com festa, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), no Palácio das Araucárias.

Mexida geral

Para Nereu Moura, está faltando conexão entre o governo e o partido. “O PMDB tem que dar uma mexida no governo, uma valorizada nos companheiros. A partir de janeiro, ou as coisas se alinham administrativamente e politicamente, para que possamos concluir o governo de forma razoável, ou teremos dificuldades do ponto de vista eleitoral”, disse.

A avaliação do deputado é que o governo vai bem no quesito gestão pública, mas não consegue capitalizar os resultados. “Se o governo estiver bem, o Pessuti vai ser um candidato forte. Se não for bem, ele só será candidato para manter a honra partidária”, declarou.

Para Moura e outros peemedebistas, ou o governo “acorda” politicamente e contribui para dar um “horizonte político” ao grupo ou corre o risco de um fracasso eleitoral. “E isso pode respingar no Requião, na candidatura dele ao Senado”, afirmou o deputado.

Logo depois da eleição, quando resolveram apoiar Pessuti como pré-candidato do partido ao governo, os deputados sugeriram algumas mudanças na equipe, com a inclusão de secretários e auxiliares mais afinados politicamente com as expectativas do PMDB. Uma das idéias era incluir no grupo alguns prefeitos que estão terminando o mandato. Nenhuma mudança foi feita.