A comissão que analisa a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva rejeitou, por 40 votos a 25, o relatório que recomenda que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a dar andamento ao caso. Um relatório paralelo que sugere o arquivamento do processo foi aprovado pelo colegiado. O texto agora precisa ser apreciado pelo plenário da Casa. A decisão é uma vitória para o governo Temer.

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O deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), relator do caso, declarou em seu voto que há “indícios fortes” para que a investigação prossiga. É de sua autoria o relatório derrotado nesta quinta-feira (13).

Com a rejeição do parecer dele, o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), designou um novo relator que acatou um voto divergente que havia sido protocolado na secretaria da comissão. Foram apresentados dez votos paralelos: seis a favor da denúncia e quatro contra a denúncia.

Para tentar evitar a derrota, partidos da base de apoio ao governo substituíram membros da comissão que sinalizavam voto a favor do relatório de Zveiter. Foram realizadas 21 trocas de parlamentares pelo menos.

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No início da semana, aliados do governo contabilizavam uma maioria de votos favoráveis ao andamento da denúncia. Com a mudança de deputados, governistas garantiram a vitória e conseguiram barrar o relatório contra Temer. A sessão foi marcada por críticas da oposição sobre essa manobra regimental usada por membros da base do governo.

Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção por suposto envolvimento no pagamento de propina obtida pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). O ex-parlamentar foi assessor do presidente e foi flagrado recebendo uma mala contendo R$ 500 mil pagos por Joesley Batista, um dos donos da JBS. A acusação dos procuradores se baseia na delação premiada do executivo.

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A CCJ é o grupo responsável por fazer o primeiro exame da acusação feita pela PGR. Como se trata de denúncia contra o presidente da República, o STF precisa pedir autorização da Câmara para analisar a denúncia. Para que o processo de fato continue são necessários votos favoráveis de 342 deputados – dois terços da Casa. Se esse número for alcançado, o processo volta ao Supremo que decidirá se Temer se tornará réu ou não. Se a Corte acatar a acusação da PGR, o peemedebista será afastado do mandato por até 180 dias.