Governador volta a ameçar demitir faltosos

Pela segunda vez neste mandato, o governador Roberto Requião (PMDB) ameaçou demitir os auxiliares que não comparecem às reuniões semanais do secretariado, realizadas às segundas-feiras, no auditório do Museu Oscar Niemeyer. Ontem, ao notar o grande número de assentos vazios no auditório de 380 lugares, Requião se irritou e disse que aqueles que não conseguem acordar para participar de uma reunião às 8h não merecem estar no seu governo. Ele solicitou a lista de presenças e avisou que as demissões começariam a ser executadas a partir de hoje.

Ainda na reunião, o governador comentou a queda de braço que está travando com as concessionárias de pedágio por causa das tarifas cobradas nas estradas paranaenses. Ele disse que ainda não vai ceder às pressões para aumentar as tarifas do que classificou como “quadrilheiros do pedágio”.

Ausentes

O Palácio Iguaçu não divulgou a lista dos ausentes da reunião. Como faltaram apenas três secretários, e todos com justificativa oficial, se forem confirmados, os cortes devem atingir os cargos de segundo escalão nas secretarias. Os secretários que não estavam no auditório eram da Administração, Reinhold Stephanes, que prestava depoimento à CPI do Banestado; do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, que está no Japão negociando financiamentos para a área; e Indústria, Comércio e Mercosul, Luis Mussi, que representava o governador no Seminário Parlamentar do Mercosul aberto ontem em Foz do Iguaçu.

Os vazios no auditório foram deixados em sua maioria pelos diretores gerais, chefes de departamento e diretores de autarquias. O secretário da Casa Civil, Caíto Quintana, disse que não dispunha da lista dos ausentes. Quintana confirmou que as faltas podem provocar demissões entre os cargos de confiança. “Os que falharem às reuniões, que são cargos comissionados, estão correndo risco de demissão”, afirmou.

Conforme Quintana, as reuniões do secretariado foram concebidas para que houvesse uma integração entre os vários órgãos de governo. “Com essa integração, também unificamos a linguagem do governo. Um secretário sabe o que outro está fazendo. O de Cultura sabe o que é o programa Luz Fraterna ou o Programa do Leite. É o governo falando a mesma linguagem”, justificou.

Convidados

Um dos motivos da insatisfação do governador com a reunião foi que, ao contrário de outras, a de ontem tinha convidados de fora do Estado como palestrantes.

Rusch cobra explicações sobre custos

O deputado Élio Rusch (PFL) apresentou ontem um pedido de informações na Assembléia Legislativa sobre os custos dos três dias em que o governador Roberto Requião (PMDB) despachou com alguns dos seus secretários na Ilha das Cobras – a casa de verão do governo no litoral. Rusch pediu explicações sobre os gastos com o deslocamento dos secretários, número de servidores envolvidos para dar suporte às audiências do governador e também as despesas com alimentação.

O deputado está questionando o suposto uso de helicópteros para transportar os secretários até a ilha, onde o governador despachou entre quinta-feira e sábado passado. Nos três dias, estiveram na ilha os secretários da Casa Civil, Caíto Quintana; do Planejamento, Eleonora Fruet, da Fazenda, Heron Arzua; da Ciência e Tecnologia, Aldair Rizzi, e o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda.

O Palácio Iguaçu considerou uma “provocação” o pedido de informação do pefelista. “Nós não vamos comentar e entrar no nível de um deputado que era aliado de um governo que gastava uma fortuna com aluguéis de aviões quando deixava a frota do governo apodrecendo num hangar do Aeroporto do Bacacheri”, reagiu o assessor especial do governador, Benedito Pires.

O líder do PFL, deputado Plauto Miró Guimarães, também apresentou requerimento cobrando informações sobre a frota de aeronaves do governo. Um dos alvos do deputado é a concorrência internacional para a compra de um avião conforme edital publicado no dia 22 de outubro, no Diário Oficial do Estado. O líder do PFL pede informações sobre o modelo e a finalidade do aparelho.

O secretário da Casa Civil, Caíto Quintana, disse que o Estado responderá a qualquer questionamento dos deputados, mesmo que o pedido não tenha passado pela Mesa Executiva da Assembléia Legislativa. Sobre a Ilha das Cobras, Quintana afirmou que os secretários foram à ilha com recursos próprios. (EC)

Brasil pede Parlamento do Mercosul em 2006

Deputados e senadores do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, começaram ontem, em Foz do Iguaçu, a debater propostas para a criação do Parlamento do Mercosul. Para o governo do Estado, o órgão é fundamental para a participação da sociedade civil e para acelerar o processo de integração. A criação do Parlamento é tratada por comissões em cada um dos países. A partir de dezembro essas comissões serão unificadas e, até junho do ano que vem, pretende-se ter um projeto consolidado.

O Seminário Parlamento do Mercosul e o Fórum de Integração Fronteiriça continua hoje debatendo temas como segurança, turismo e vigilância sanitária. Na avaliação do deputado federal Florisvaldo “Rosinha” Fier (PT/PR), presidente pelo Brasil da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, a proposta brasileira já está pronta. “A idéia é que o Parlamento do Mercosul, que terá 64 parlamentares (16 de cada país) eleitos pelo voto direto, entre em funcionamento em 2006”, comentou.

O representante uruguaio da comissão, senador Danilo Astori, lembrou que um dos avanços recentes nessa área é que foi instituída a consulta parlamentar. “O Conselho do Mercado Comum (órgão executivo do Mercosul) tem de consultar a Comissão Parlamentar Conjunta em qualquer assunto que envolva legislação”, comentou.

Também participam do evento os deputados Emilio Menéndez Del Valle (Espanha) e Marieke Sanders Tem Holte (Países Baixos), membros do Parlamento Europeu. Eles vieram apresentar a experiência européia. “Na fase atual de integração, é importante pressionar as autoridades com poder executivo para que se acelere o processo”, disse Menéndez.

Já a deputada Marieke fará um estudo comparativo do desenvolvimento das instituições européias e do Mercosul. “O fundamental é que o Parlamento seja escolhido diretamente pela população para tratar das questões regionais, que tenha orçamento próprio e respeite as diferenças de cada país. É a união na diversidade”, comentou.

Incentivo à produção de mamona no PR

O governador Roberto Requião disse ontem, durante a reunião do secretariado, que o governo está estudando a possibilidade de incentivar novamente a produção da mamona. A reunião de ontem teve como convidados especiais o jornalista Mauro Santayana e o ministro do STM (Supremo Tribunal Militar) tenente-brigadeiro-do-ar Sérgio Xavier Ferolla. Segundo Requião, basicamente, o objetivo de discutir temas nacionais no encontro é o de ampliar os debates em torno de um novo modelo de administração.

Na palestra sobre o tema “Alternativas tecnológicas e industriais no campo da biomassa”, Feolla destacou as vantagens econômicas potenciais do retorno ao cultivo da mamona no Paraná. Segundo ele, há uma grande demanda mundial pelos produtos derivados da mamona, como a glicerina e outros similares aos produzidos com petróleo, como plásticos e náilon.

A demanda é especialmente significativa nos países europeus, onde a preocupação com as questões ambientais é maior, já que os derivados da mamona são biodegradáveis. Além disso, óleo de mamona é misturado aos combustíveis convencionais e, por ser altamente estável, impede alterações no desempenho dos motores em baixas temperaturas.

Segundo o brigadeiro, o cultivo é interessante porque já foi desenvolvida uma semente híbrida nacional que protege o solo da possibilidade da planta se alastrar para além do terreno destinado ao seu cultivo. Além disso, seria uma boa alternativa para a safrinha, plantada em paralelo com a cultura principal.

O Paraná, que chegou a ser o maior produtor mundial, hoje cultiva cerca de 10 mil hectares de mamona. De acordo com o presidente do Iapar, Onaur Ruano, o solo das regiões de arenito – onde os índices de desenvolvimento humano são baixos – tem uma boa resposta para esta cultura.

Pacto

Já Santayana tratou do pacto federativo e lembrou que o Brasil é um mito de país unitário, já que nasceu dividido em capitanias hereditárias.

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