Economia

Gleisi defende Lula das críticas feitas pelo governador

Um tema recorrente, a política econômica, está opondo novamente a direção estadual do PT e o governador Roberto Requião (PMDB). A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, disse ontem que as opiniões do governador sobre a política econômica brasileira não encontram respaldo no contexto atual.

“Desde o início, o governador já tinha uma posição crítica à política econômica. Se o governo tivesse seguido as posições dele, já teríamos quebrado”, afirmou a dirigente petista, que reagiu aos comentários feitos pelo governador durante a escola de governo realizada na terça-feira, 11, quando acusou o governo federal de privilegiar o capital financeiro e atacou a condução da política econômica pelo Banco Central.

“O BC está jogando dinheiro no mercado sem que haja uma preocupação concreta com a mudança no modelo econômico, com investimentos públicos”, disse o governador.

Para a presidente do PT, ninguém pode ter dúvidas do acerto da política econômica do governo Lula, diante do comportamento da economia neste momento de crise financeira internacional.

“É claro que está havendo uma retração no crédito, no setor financeiro, mas na macroeconomia, os efeitos são sentidos de uma maneira mais dispersa do que estão sendo sentidos em outros países”, afirmou.

Para a presidente estadual do PT, o governador deveria suspender suas avaliações econômicas para explicar as razões que o levaram a ajuizar, junto com outros governadores, uma ação direta de inconstitucionalidade contra a lei federal que implantou o piso nacional dos professores.

“Nós reconhecemos que este governo tem muitos avanços na área da educação. Mas com essa ação, o governador está perdendo a oportunidade de fechar com chave de ouro sua atuação nesta área”, afirmou.

Gleisi disse que Requião ainda não respondeu a um pedido de audiência feita pela bancada estadual do PT para conversar sobre a Adin. A posição de Requião foi um dos primeiros pontos de atrito entre o governador e o PT do Paraná após o encerramento da campanha eleitoral.

Farpas

Durante o programa Brasil Nação, exibido domingo à noite na TV Paraná Educativa, que entrevistou o economista Carlos Lessa, o governador já havia questionado declarações do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que acenou com cortes de orçamento.

“Essa balela chamada de auto-regulamentação do mercado se diluiu, acabou. Vamos partir para um planejamento indicativo, como aquele feito por De Gaulle, pós-guerra na França, com o Estado mostrando o caminho, sinalizando com incentivos, apoio e financiamentos. Mas não consigo imaginar como isto pode ser feito cortando na carne, como propôs o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de quem não cometeu crime algum”, comentou Requião.

Para o governador, a falta de um projeto alternativo fez com que milhões de brasileiros, iludidos pelo atual modelo econômico, colocassem em risco seus capitais.

“Portanto, o Brasil precisa sinalizar de forma firme e conseqüente uma mudança. Nós não podemos aceitar pequenas mudanças para que tudo fique como está”, declarou Requião.