O ministro do Superior Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, disse em palestra no 2º Congresso Jurídico em São Paulo que o debate que se faz no Brasil desde 1988 sobre o direito à Saúde internou algum tipo de interlocução no campo da maior racionalidade. Mas é preciso, de acordo com ele, que se discuta de maneira mais intensa a questão da judicialização da saúde.

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“Que invistamos energia para fortalecer as soluções mais harmoniosas e menos conflitivas em que as pessoas reconheçam que é possível ter uma relação mais ou menos equilibrada desde que haja normas e procedimentos de que uma dada cirurgia pode esperar um dado prazo”, defendeu Mendes.

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Para ele, as coisas não podem ocorrer pelo sistema da esperteza em que “a judicialização se confunda numa forma de estelionato judicial”.

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Segundo Gilmar Mendes, se fossem investidos esforços na melhoria dos serviços públicos se obteria uma sociedade mais equilibrada. “Mas nós não temos isso”, lamentou o ministro. Ele criticou a forma como são indicados os dirigentes dos serviços públicos, inclusive da Saúde.

Nas palavras do ministro, a partilha de lugares nas repartições públicas se faz pelo loteamento que toda a sociedade brasileira conhece. “Ninguém cobra. Não vejo ONGs cobrando a melhoria do serviço público em si. Quando muito, cobram tratamentos individualizados e o resultado é esse caos que nós temos”, disse.

Gilmar Mendes disse que os juízes precisam entender esses mecanismos complexos. “Muitas vezes nós somos atores desse processo de disfuncionalidade”, disse Mendes, para quem a judicialização só deveria acontecer em casos extremos de disfunção constitucional. No que diz respeito aos planos de saúde, o ministro disse que é preciso que se cumpram os contratos.

“É claro que existem as cláusulas leoninas e precisamos discuti-las. Mas precisamos de desjudicializar o sistema”, afirmou para uma plateia de advogados e profissionais da área de saúde privada.

“Às vezes parece que eu jogo contra o Judiciário, mas o Judiciário não tem condições de atender tantas demandas. É natural que o Judiciário erre mais na medida que passa a ser mais demandado”, afirmou o ministro do STF.