Fim de Feira

Fim de governo, de qualquer governo, é uma espécie de fim de feira, ou seja, revela um aspecto que não agrada a ninguém. Não há surpresa, portanto, em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, ao receber o relatório da chamada equipe de transição, tenha declarado que o País está pior do que mostra Fernando Henrique Cardoso.

Acredito que Lula já está sabendo que, quando ele passar o “bastão” ao seu sucessor, vai ouvir dele a mesma coisa.

Nunca nenhum presidente, governador, ou prefeito, ao assumir as suas funções chamou a imprensa para dizer que havia encontrado tudo certo, que seu antecessor havia feito uma administração admirável, e que, via de conseqüência, a ele só restaria manter o “trem na linha”. Isso quase teria o significado de declarar que não haveria nada de novo ou de bom que ele pudesse vir a fazer, nenhuma inovação, nenhum ato possível de surpreender ou pelo menos agradar ao público.

E é evidente que essa é uma postura que não se harmoniza com as táticas políticas. Bem ao contrário, aquele que assume passa desde logo a denunciar irregularidade, que promete normalizar em curto tempo; omissões que promete suprir durante o seu mandato; inovações que serão lançadas para beneficiar o grande público e, de resto, dar cumprimento a todas as suas promessas de campanha – “o que o meu antecessor não fez!”.

Na verdade, o que se quer dizer é que o novo governo vai ser melhor. Melhor, na realidade, sempre ao seu modo e aos seus olhos.

Porque o que se vislumbra é unicamente a mudança de métodos.

Por exemplo, a CPMF tem prazo certo para terminar, mas o novo governo já está procurando uma fórmula para substituí-la por outra forma de arrecadação.

Ora, se a CPMF foi criada para ser uma contribuição provisória, destinada a melhorar o atendimento da saúde à população, e se foi desviada dos seus fins, o fato de ela acabar não significa prejuízo algum. A saúde continuará com suas deficiências e a arrecadação não será em muito afetada uma vez que o País jamais arrecadou tanto quanto vem arrecadando atualmente.

Nós sabemos que para o governo a arrecadação nunca é bastante. Mas não se pode pensar só no governo. Afinal, o PT sempre anunciou seu compromisso com o povo. Ou esse compromisso não vale para o PT no governo?

Voltar ao topo