O executivo Fernando Miggliacio, ligado a Odebrecht, foi preso em Genebra tentando encerrar contas bancárias. Segundo investigadores, ele estaria tentando retirar pertences de um cofre de uma instituição financeira daquela cidade suíça.

continua após a publicidade

Miggliacio também teve sua prisão decretada na Operação Acarajé, nova fase da Lava Jato, investigado por suspeita de ser o controlador de empresas offshores relacionadas ao Grupo Odebrecht. Essas companhias teriam sido usadas para realização de pagamentos de vantagens indevidas e lavagem de dinheiro.

A Suíça abriu procedimento para apurar a ligação de Miggliacio com movimentações do Grupo Odebrecht no país europeu.

O Ministério Público Federal informou nesta terça-feira, 23, que Migliaccio está preso na Suíça, segundo ofício das autoridades locais datado de 18 de fevereiro. A prisão foi executada pela polícia suíça com base em ordem do Ministério Público Federal do país europeu.

continua após a publicidade

“Sabe-se que existe investigação autônoma sobre a Odebrecht naquele país, o que pode indicar a relação da prisão com as investigações do caso Lava Jato; contudo são ignoradas as razões que levaram à sua detenção”, destacou o Ministério Público Federal brasileiro.

A prisão de Migliaccio foi decretada na 23ª fase da Lava Jato, em decisão de 11 de fevereiro de 2016. A prisão executada na Suíça não tem relação com o mandado expedido no Brasil, que era desconhecido pelas autoridades estrangeiras.

continua após a publicidade

A investigação de Migliaccio na Lava Jato tem por base evidências de que ele gerencia contas usadas pela Odebrecht no exterior para pagar propinas para autoridades do Brasil e de outros países. O executivo se inseria, segundo tais provas, no contexto de um grupo de pessoas subordinadas a Marcelo Odebrecht que controlavam contas escondidas no exterior, em nome de empresas offshores, tais como Klienfeld e Constructora del Sur.

Migliaccio detinha endereço de e-mail hospedado na Odebrecht e recebeu, por correio eletrônico, mensagem contendo pagamento aparentemente destinado para autoridade argentina da Secretaria de Transportes, com a qual há notícias de que a empresa mantinha contrato – o que foi confirmado em contato com autoridades argentinas.

Além disso, há provas de que Migliaccio, assim como outro gestor das contas, mudou-se para o exterior logo após as buscas e apreensões feitas sobre a empresa, em 19 de junho de 2015.

Para o MPF, o fato disso ter ocorrido logo após as buscas e o pagamento pela Odebrecht de suas despesas de mudança e manutenção no exterior apontam para a existência de manobras orquestradas por Marcelo Odebrecht e seus funcionários destinadas à evasão e com o objetivo de dificultar ações de investigação das autoridades brasileiras.

A Operação Acarajé deflagrada nesta segunda-feira. O alvo principal da nova etapa da Lava Jato é o publicitário João Santana, marqueteiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula (2006) e das campanhas de Dilma Rousseff (2010 e 2014).

Santana e sua mulher, Monica Regina Moura, também alvo da Acarajé, se entregaram à Polícia Federal nesta terça-feira após chegarem de viagem à República Dominicana, onde trabalhavam na campanha de reeleição presidencial.

O juiz Moro decretou a prisão temporária de Santana e da mulher por cinco dias. Eles supostamente receberam US$ 7,5 milhões do esquema de propinas instalado na Petrobras por serviços prestados ao PT, indicam as investigações.