A ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), denunciada por envolvimento no esquema investigado pela Operação Lava Jato, alega “ilações” na denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para justificar sua ligação com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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Solange é acusada de apresentar requerimentos de informações a mando do presidente da Câmara para pressionar doleiros a pagarem propina ao parlamentar. Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a participação de Solange demonstra, no entanto, claro uso de cargo público para exercer pressão e garantir o pagamento de propinas a Cunha.

“A denúncia faz uma série de ilações para concluir que os requerimentos, embora transmitidos pela denunciada Solange, na realidade, teriam sido confeccionados pelo denunciado Eduardo (Cunha). Ainda, segundo a imputação, o denunciado não queria dar a conhecer que os requerimentos na realidade eram de sua autoria e, por isso, se utilizou do auxílio da denunciada”, argumenta a defesa de Solange ao Supremo.

Os requerimentos tinham como alvo o doleiro Júlio Camargo, a quem a ex-deputada pedia informações sobre contratos com a Samsung e a Mitsui como forma de obrigá-lo a efetuar os pagamentos ilegais prometidos a Cunha. As investigações apontaram registros com senhas do parlamentar no sistema interno da Câmara associados aos requerimentos apresentados pela ex-deputada.

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A PGR aponta que Solange tinha “consciência e vontade de produzir o resultado final aderindo a vontade de seu comparsa (Cunha) na prática delitiva”. Ela foi incluída no mesmo inquérito que apura o recebimento de propina pelo presidente da Câmara em compras de navios-sonda pela Petrobras.

A defesa da ex-deputada e atual prefeita de Rio Bonito (RJ) argumenta os crimes que ela teria cometido já teriam prescrito e, por isso, a ação deveria ser rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. De acordo os advogados de Solange, ela não poderia ter participado de um crime que já havia sido consumado.

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Os advogados de Solange também apontam a ilegalidade em um depoimento prestado por ela ao Ministério Público como testemunha, mas que embasou a denúncia. De acordo com a defesa, Solange teve negado o direito de ser acompanhada por um advogado. A PGR nega o argumento e diz que, quando o depoimento foi colhido, Solange ainda não era investigada.

Na peça, a defesa também destaca a participação da ex-deputada nos crimes investigados e afirma que o Ministério Público Federal não imputa a ela o recebimento de dinheiro ilícito. “Todos os elementos de prova são de que a denunciada Solange não recebeu qualquer vantagem indevida.”