Estudantes contra reforma da Previdência Social

Estudantes do curso de Direito de diversas universidades do País ocuparam ontem a escadaria do prédio central da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com faixas e cartazes, para protestar contra o projeto da reforma da Previdência Social e a favor da reforma universitária. O ato público, que reuniu cerca de 250 estudantes, faz parte da programação do Encontro Nacional do Estudantes de Direito, que acontece desde domingo na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Para o membro da Coordenação Nacional dos Estudantes de Direito, Allan Hahnemann, a reforma da previdência social é necessária, mas o atual projeto “não contempla os servidores.” “Tem muitos professores pedindo aposentadoria porque temem a mudança na previdência. O projeto não está satisfazendo as universidades”, comentou. Para ele, “os direitos dos professores estão sendo desrespeitados”.

Em relação à reforma universitária, que deve ser colocada em discussão neste segundo semestre, Allan aponta que é preciso que “as universidades sejam locais de conhecimento, e não apenas formem as pessoas para o mercado de trabalho”. Dentro da reforma universitária, Allan acredita que o próprio ensino de Direito deveria ser modificado. “O Direito não pode ser mero controle coercitivo da classe dominante. O perfil do profissional tem de ser mais humanista, e o ensino deve estar aliado a movimentos nacionais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)”, afirmou Allan. O Encontro Nacional em Curitiba segue até sábado.

Greve deixa 4,9 mil sem atendimento

Cerca de 4,9 mil pessoas estão deixando de ser atendidas, por dia, nas agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do Paraná desde a deflagração da greve dos servidores públicos federais contra o projeto da reforma da Previdência, no dia 8 de julho. Das 50 agências do Estado, quinze estão com as portas fechadas, segundo a superintendência do Instituto. Em Curitiba, as cinco agências -João Negrão, Cândido Lopes, Visconde de Guarapuava, XV de Novembro e Hauer – estão fechadas e deixando de atender cerca de 2,5 mil pessoas por dia.

Também não estão atendendo as agências de Araucária, São José dos Pinhais, Campo Largo, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava, União da Vitória, Ponta Grossa, Londrina (Centro e Xangri-la), Rolândia, Maringá, Arapongas e Cornélio. Não há previsão de quando os servidores voltarão a trabalhar.

Com a greve dos servidores, os benefícios estão deixando de ser concedidos, com exceção do salário-maternidade e pensão por falecimento -no caso de o beneficiado já ser aposentado -, cujos pedidos podem ser feitos via internet. Já as empresas que estão em dia com o INSS também podem pedir a Certidão Negativa de Débito (CND) via internet. Para outros serviços, os usuários terão de aguardar.

Professores da UFPR decidem não parar

Os professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiram, ontem à noite, não paralisar suas atividades em solidariedade à greve dos servidores públicos federais, que está acontecendo em todo Brasil contra a reforma da Previdência. Após mais de três horas de reunião em Curitiba, por 75 votos contra 33 os docentes resolveram “num primeiro momento não aderir à greve”.

Conforme o tesoureiro-geral da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR), Cláudio Antônio Tonegutti, a assembléia-geral foi muito movimentada, tanto que até momentos antes da votação era impossível tentar antecipar a posição da categoria. “Durante a votação havia 108 professores, mas toda a reunião foi demorada e o número de docentes que passaram por lá foi bem maior”, contou o tesoureiro. Ele disse que dentro de dez dias os professores devem se reunir novamente para reavaliar a questão. “A princípio tudo vai ficar como está. O calendário escolar será mantido”, revelou. A não participação na greve faz com que os alunos da instituição não sejam novamente prejudicados, já que o calendário escolar já está atrasado devido à última greve da instituição.

Atualmente, a APUFR tem em seus registros cerca de 1.500 professores. “Esse é o número dos professores da ativa. A associação engloba também servidores aposentados”, explicou Tonegutti. (Lawrence Manoel)

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