Estado e Prefeitura seguem trocando críticas

O governo do Estado e a Prefeitura de Curitiba prosseguiram ontem com a troca de críticas envolvendo a política de segurança em Curitiba. A Secretaria Estadual da Segurança divulgou um documento da Polícia Militar do Paraná para mostrar que a Prefeitura de Curitiba foi relapsa ao tentar fazer o convênio para a formação de uma nova tropa de guardas municipais. De acordo com o documento, assinado pelo adjunto da Subseção de Legislação, capitão Élio de Oliveira Manoel, a proposta indica que o curso de formação seria realizado através de um convênio com a Faculdade de Estudos Sociais do Paraná (Fesp), “não detalhando qual seria exatamente a participação da PMPR”.

Ainda de acordo com o documento oficial, “não está claro se o município tem a intenção de firmar convênio com o Estado do Paraná para que o curso funcione nas dependências do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, como já ocorreu com outros municípios, ou se somente teríamos que designar e autorizar a contratação de instrutores”.

De acordo com a explicação do coronel, com a falta dessa informação, a Polícia Militar tentou por três vezes contato com a Prefeitura, que respondeu, de última hora, e ainda mudou mais uma vez a proposta. Estas inúmeras mudanças, atrasos e falta de informações por parte da Prefeitura de Curitiba inviabilizaram o convênio para o treinamento dos guardas municipais, já que a Academia do Guatupê estaria com sua capacidade voltada para o treinamento dos 1.028 novos policiais militares.

Unilateral

Já a Prefeitura distribuiu nota acusando o governo do Estado de se recusar a repassar informações sobre os pontos de criminalidade na capital. O secretário municipal da Defesa Social, Sanderson Diotalevi, citou ainda que os guardas municipais de Curitiba sempre foram formados na Escola Superior de Polícia Civil, conforme termo de convênio firmado entre o Estado e a Prefeitura. E que esse instrumento foi rompido unilateralmente pelo governo do Estado no ano passado.

Sanderson também diz ter documentos para contestar as acusações de que as solicitações para curso de formação de guardas municipais não foram enviados em tempo hábil. Ele mencionou o ofício número 523/03, de 25 de agosto de 2003, enviado ao comandante do Comando Geral da Polícia Militar do Paraná, coronel David Antônio Pancoti. Segundo Sanderson, na mesma data, ofício com a mesma solicitação (522/03) foi encaminhado à direção da Escola Superior de Polícia Civil. Os dois documentos continham proposta orçamentária para o curso de formação técnico-profissional para a Guarda Municipal, com previsão para o início em outubro daquele ano.

Cinco dias depois, em 30 de agosto, o secretário diz ter recebido o ofício número 278/E.S.C./PR, assinado pela direção da Escola Superior da Polícia Civil com a previsão de custos. A Prefeitura teria aceito o orçamento proposto pela Polícia Civil, mas conforme o secretário da Defesa Social, foi informada, na seqüência, que por decisão superior, a escola não realizaria o curso.

Rubens Bueno ataca Vanhoni

Depois do prefeito Cassio Taniguchi (PFL), que acusou o governador Roberto Requião (PMDB) de romper convênios que permitiam a atuação conjunta da Guarda Municipal e das polícias Militar e Civil em Curitiba e atacou o candidato do PT, Angelo Vanhoni, por prometer na campanha justamente essa ação integrada, ontem foi a vez do candidato da coligação do Voto Limpo, Rubens Bueno, entrar na polêmica. Durante almoço com taxistas, Bueno expôs seu plano para a segurança e criticou as propostas apresentadas por Vanhoni no horário eleitoral.

“Sem nenhum pudor, o candidato petista copiou quase integralmente nossa proposta. Desde 2002 temos defendido a necessidade de comando único da segurança, e o PPS colocou isso em prática no município de Fazenda Rio Grande, onde os índices de violência desabaram nos últimos três anos”, afirmou Rubens. Ele lembrou que o prefeito de Fazenda Rio Grande, Antoninho Wandercheer, integrou e articulou as ações das polícias Civil e Militar à Guarda municipal, que ele próprio criou: “Seu programa é o embrião daquilo que propomos para Curitiba e para toda a Região Metropolitana, em parceria com os demais municípios”.

No encontro, o candidato ironizou a proposta do petista feita num debate de tevê no início da campanha de transformar esses profissionais em informantes da polícia, expondo-os ao risco de retaliação da bandidagem: “É claro que, depois de adotar nossas idéias, o Vanhoni deixou essa bobagem de lado. Chofer de praça, como se chamavam os taxistas quando cheguei a Curitiba, em 1961, não tem vocação para alcagüeta”, declarou.

Falta efetivo

As propostas do programa de segurança integrada de Vanhoni também foram questionadas pelo coronel e ex-comandante da Polícia Militar do Paraná, Gilberto Foltran. Os oito módulos de segurança que seriam instalados nas oito regionais existentes na cidade, funcionando por meio de uma central “inteligente” de operação, exigem a presença de policiais nas ruas, o que esbarra no maior problema enfrentado hoje pela PM paranaense, que é a falta de efetivo. Segundo ele, a defasagem no quadro funcional da PM chega a 50%. O ex-comandante da PM diz que os candidatos à Prefeitura de Curitiba deveriam focar suas propostas em ações que atuem nas causas do crime. Gilberto Foltran defende a implantação de projetos que mantenham as crianças e jovens ocupados, como aulas de informática, idiomas, esporte e cursos profissionalizantes.

Resposta

A assessoria de Vanhoni informou que a proposta do candidato “não tem comparação, é ampla. Não é só integração das polícias, mas criação de oito módulos integrados de segurança nos bairros, que vão prestar atendimento à população, informatizados e ligados a uma central de inteligência, que vai comandar as operações policiais”. Em relação à comparação com Fazenda Rio Grande, a assessoria do petista comentou que “são realidades diferentes”.

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