Esquerda vai com Lula mas pede mudança

Candidato da corrente Democracia Socialista à presidência do diretório nacional do PT, o deputado e ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont disse ontem, em Curitiba, que a manutenção da atual política econômica levará o partido à derrota nas eleições presidenciais do ano que vem: "Nós queremos a reeleição de Lula, mas para isso é necessário mudar o modelo econômico que aí está. A população não vai acreditar mais uma vez no PT se não houver ações para mudar a vida das pessoas", afirmou.

Pont veio a Curitiba para o lançamento de sua candidatura e a do deputado federal Dr. Rosinha à presidência do diretório estadual do partido, que aconteceu às 19h, no Hotel Caravelle. Ambos integram a tendência de esquerda do PT, e concorrem com a chapa batizada "Coragem de mudar participação popular e socialismo". Rosinha, como Pont, defendeu uma investigação profunda das denúncias, a punição dos responsáveis pelas irregularidades que vierem a ser comprovadas, e a reforma política.

Pont admitiu que os últimos acontecimentos envolvendo denúncias de corrupção trouxeram um grande prejuízo à imagem do PT, com perda de credibilidade, de referência e até de identidade. Embora alguns filiados tenham deixado a legenda em função disso, a grande maioria assumiu a postura de defesa do partido:"Apesar da ação dos grandes meios de comunicação promover um verdadeiro massacre do PT, houve uma reação positiva dos militantes, que desejam uma investigação minuciosa mas querem, também, preservar o patrimônio ético coletivo que foi construído ao longo de 25 anos de luta".

Criticou o comando do Campo Majoritário, acusando-o de impor decisões à base, entre elas as alianças políticas a pretexto de garantir a governabilidade "e que acabaram levando às relações promíscuas hoje em discussão", e pregou o fim das práticas difundidas pela corrente que dirige o diretório nacional.

Ele acredita que somente uma reforma do sistema eleitoral, estabelecendo o financiamento público das campanhas, a lista fechada, a fidelidade partidária e o fim das coligações será capaz de banir as práticas políticas viciadas do cenário brasileiro.

Para Rosinha, o PT deve retormar algumas questões que ficaram esquecidas, entre elas a coerência politica, " fazer o que fala". Ele previu que as feridas serão mais rapidamente cicatrizadas com a mudança da direção partidária. Tanto ele quanto Pont lembraram que a tendência que representam resistiu às alianças com PL, PTB e PP, assim como posicionou-se de primeira hora pela investigação das denúncias: "Mas não tivemos maioria para consolidar essa posição". Os dois acreditam que é possível governar com minoria no Congresso, buscando o apoio da população para a definição das políticas públicas.

Pont destacou ainda que os indicadores da política econômica são bons para o capitalismo, mas não para a sociedade: "A manutenção do modelo antigo não desenvolveu o país, não distribuiu renda, não gerou emprego. Lula está refém dessa política, que poderá nos conduzir à derrota".

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