Condenada pela Justiça a pagar R$ 352 mil, resultado de um processo aberto quando era prefeita de São Paulo, e sem recursos para quitar a dívida, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) tem recebido apoio de parlamentares de todo o espectro partidário, da situação à oposição.

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Enquanto a Central Única dos Trabalhadores (CUT) abrirá uma conta corrente para coletar doações para a parlamentar, o deputado estadual tucano Bruno Covas planeja um jantar para arrecadar recursos. “Tenho recebido um apoio plural, suprapartidário, e de diversos movimentos sociais. Todos entenderam que houve injustiça”, disse a deputada, à Agência Estado. Outra conta, sob o nome “Luiza, apoio você”, foi aberta há cerca de dois meses por amigos da ex-prefeita, no Banco do Brasil, para coletar doações.

Além de Bruno Covas, Milton Flávio e José Aníbal, também do PSDB, foram alguns dos políticos que se sensibilizaram com a situação da deputada. “Não questionamos a decisão da Justiça, mas nos sentimos motivados a ajudar uma pessoa séria e honesta”, afirmou Bruno Covas, que ainda não marcou a data do evento.

Em sua página na internet, o deputado Milton Flávio, vice-líder do governador José Serra na Assembleia Legislativa, disse que ajudar a parlamentar é questão de justiça. “Luiza Erundina é uma pessoa séria que dignifica e não macula a política. Ajudá-la neste difícil momento é uma questão de humanidade e de justiça, já que ela não se locupletou no cargo quando foi prefeita de São Paulo.”

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A decisão judicial é resultado de ação popular movida quando a deputada era prefeita do município de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e veiculou anúncios em jornais em apoio à greve geral de 1989. A ação pedia a reposição aos cofres públicos do dinheiro utilizado pela Prefeitura com nas propagandas. A Justiça entendeu que os anúncios não atendiam ao interesse público.

Perseguição

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Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2003, Erundina só teve seus bens foram penhorados no fim do ano passado. Segundo ela, foram interditados o apartamento em que vive em São Paulo, cujo valor é de cerca de R$ 100 mil, e dois carros. A partir de abril deste ano, 10% da remuneração da parlamentar passou a ser recolhida automaticamente.

Para a deputada, houve perseguição política na ação. “Foi perseguição política, como tantas outras, e está dentro de um contexto daquela época, em que causei muito desconforto ao ser eleita. Nem todas as condenações são justas”, afirmou. Para a deputada, os anúncios pelos quais foi condenada eram necessários para informar a população que serviços essenciais, como o transporte público, não estavam funcionando a contento. Nas peças, a ex-prefeita também se posicionava a favor do movimento grevista.

Vagner Freitas, secretário de administração e finanças da CUT, afirmou que a central sindical não fará doações de recursos, mas que incentivará sindicatos e associados a contribuir. “É um ato de solidariedade e também um ato político em defesa de um instrumento constitucional, que é a greve”, afirmou.

Um jantar foi realizado em São Paulo no último dia 9 de novembro e mais três ocorrerão em Brasília, o primeiro no próximo dia 24, para arrecadar fundos para ajudar a deputada a pagar a dívida. A parlamentar disse que as ações são iniciativas de amigos que se sensibilizaram com a causa. “Meus advogados fizeram um acordo com a Justiça e há oito meses venho pagando a dívida. Essa história veio a público apenas agora por intermédio de amigos”, afirmou.