Eleições 2018

Bolsonaro não comparece a debate, mas aparece em entrevista na Record na mesma hora

Entrevista com Bolsonaro na Record.
Entrevista foi exibida no mesmo horário em que era transmitido o debate na Globo. Foto: Reprodução/Instagram

Mesmo impedido por seu médico de participar do debate com os presidenciáveis na Globo na noite desta quinta-feira (4), Jair Bolsonaro (PSL) pôde ser visto na TV no horário nobre, disputando audiência com seus concorrentes em uma entrevista concedida a outro canal, a Record. A conversa com o repórter Eduardo Ribeiro foi gravada durante a tarde na casa do candidato, no Rio de Janeiro. Na entrevista, anunciada como a primeira após a alta do candidato do hospital, onde estava internado desde o dia 6 de setembro, quando foi vítima de um atentado a faca durante evento de campanha em Minas Gerais, Bolsonaro adotou uma postura mais tranquila e serena do que a que costumava apresentar antes.

Um dos destaques da entrevista foi o momento em que o candidato afirmou que se Fernando Haddad (PT) vier a ganhar as eleições, ele vai lamentar o resultado, mas vai respeitar a decisão da população brasileira, contrariando o que ele mesmo tinha dito em entrevista a José Luiz Datena, no dia 28 de setembro, quando disse que “não aceitava resultado diferente” da eleição dele. “Será o fim da nossa pátria se o PT conseguir chegar ao poder. Lamento, mas vou respeitar o resultado das eleições”, disse ele. Outra frase emblemática do candidato foi quando ele se referia às investigações a respeito do atentado que sofreu. “Eu sou acusado de disseminar o ódio e quem leva a facada sou eu”, reclamou o candidato.

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Críticas ao PT e defesa da democracia

Ainda durante a entrevista, Bolsonaro diz que se sente muito feliz em ser uma opção nesta eleição, “contra tudo o que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos, em especial no combate à corrupção”. “Não podemos deixar que um partido que mergulhou o Brasil na mais profunda crise ética, moral e econômica volte ao poder com as mesmas personalidades. E você poder ver, tudo é conduzido de dentro da cadeia pelo senhor Lula, que indica aí um fantoche seu, chamado Haddad, que, por incompetência, sequer conseguiu passar para o segundo turno em sua eleição em São Paulo. Então, fico feliz por ser um candidato conservador, que respeita a família e que quer fazer negócio com o mundo todo sem um viés ideológico, que quer jogar pesado na questão da violência para trazer um pouco de paz à sociedade, em especial às mulheres”, completou.

Em outro momento,  candidato rebateu as acusações de seus adversários, que dizem que ele é um candidato que não respeita a democracia. “Eu não respeito onde? Dizem que eu ataco negros. Onde você tem um vídeo meu, com ódio, atacando negros? O meu sogro é o Paulo Negão, a minha filha tem sangue negro em suas veias. Como pode alguém que integrou o Exército brasileiro por 17 anos anos ser racista? Assim como dizem que eu ataco mulheres, onde tem um áudio meu atacando mulheres? A não ser um embate entre eu e a deputada Maria do Rosário, onde ela estava defendendo que um estuprador e homicida menor de idade fosse punido à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente. […] Mas uma das que mais nos afetam é que sou homofóbico, ‘descobriram que eu sou homofóbico’ em 2010, quando um plano do governo de, ao combater a homofobia, as escolas do Ensino Fundamental, criancinhas a partir de 5, 6 anos de idade, iam assistir a filmes de meninos se beijando. Qual pai quer isso para o seu filho em sala de aula?”.

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Estado de saúde

Antes de tudo, porém, Bolsonaro falou sobre seu estado de saúde após o tempo internado para se recuperar da facada que levou, relembrando o que aconteceu desde os primeiros momentos após o atentado. “Costumo dizer que Juiz de Fora não foi onde levei uma facada, foi onde nasci de novo. Então, meu eterno agradecimento aos médicos da Santa Casa de Juiz de Fora. Depois, fui transferido para o Albert Einstein, onde fui submetido a uma nova cirurgia. […] Foram momentos difíceis, não esperava estar nessa situação, ainda mais que sou um homem de combate, gosto de estar na rua, conversando com o povo, gosto de ação. De repente, não são recomendações, são determinações médicas para que eu respeitasse os limites do meu corpo”, explicou.

No entanto, o candidato mostrou que o tempo em que passou internado deu resultado. “Nesta semana, veio uma junta médica do Albert Einstein aqui em casa e eles disseram que minha recuperação tem sido fantástica”. E disse que, no final de novembro ou no começo de dezembro, já poderá a voltar às atividades normais. Mas, no momento, existe a recomendação de que não fale por mais de 15 minutos, entre outras restrições.

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Live com Silas Malafaia

Minutos antes de a entrevista de Bolsonaro ir ao ar na Record, Bolsonaro ainda fez uma live em seu perfil oficial no Facebook, chamando alguns convidados para conversar com ele durante o período em que estivesse no ar ao vivo, como o pastor Silas Malafaia, que foi o primeiro a falar. Em sua fala, Malafaia disse que Bolsonaro terá plenas condições de governar o país porque tem a seu lado três das maiores bancadas do Congresso Nacional – evangélica, ruralista e segurança pública. E ainda disse que, se eleito, o candidato fará um governo para as famílias – e não são só evangélicos que têm família, mas os cidadãos de todas as religiões. Em apenas uma hora, o vídeo já tinha mais de 315 mil compartilhamentos na rede social.

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