Em Oslo, Lula se impacienta com pergunta sobre Renan

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu a irritação, em Oslo, Noruega, com a pergunta dirigida a ele nesta sexta-feira (14) sobre a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros, e se recusou a respondê-la. Ao lado do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, Lula escapou da pergunta, feita pela repórter do jornal O Estado de São Paulo, durante conferência de imprensa. Questionado se o governo havia orientado a bancada do PT a absolver Renan e se o Planalto pressionava o aliado a se licenciar do cargo – diante da ameaça da oposição de não votar projetos de interesse do Executivo -, o presidente abriu os braços e balançou a cabeça, em sinal de contrariedade.

"Eu só lamento que na minha despedida eu tenha de falar do Brasil. Seria tão mais fácil um jornalista do Estadão lá no Brasil ligar para o presidente do PT e receber todas as informações…", reclamou. "Quando eu chegar ao Brasil, na terça-feira, você me faça quantas perguntas quiser sobre o Renan sobre o PT, que eu falarei com o maior carinho. Mas eu estou terminando uma viagem de uma semana, estou tão cansado quanto vocês e não é justo que essa viagem não tenha despertado nenhuma curiosidade ao Estadão", encerrou. Não houve direito a réplica.

Apesar de não ter respondido a questão que mais atormenta o governo, Lula falou sobre etanol – sua obsessão – e disse não ter problemas com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quando uma jornalista norueguesa quis saber como andava seu relacionamento com colegas de esquerda da América Latina, citando o vizinho.

"A Venezuela é boa parceira do Brasil e vice-versa. O problema do Chávez com seus discursos internos, com relação aos Estados Unidos, é um problema do Chávez e da Venezuela. E eu respeito, da mesma forma que eu quero que respeitem a minha posição. É assim, nessa convivência na adversidade, que a gente constrói a solidez da democracia", afirmou.

Ao final da entrevista, quando Lula já deixava a sala da conferência de imprensa, na sede de governo, os jornalistas brasileiros ainda tentaram insistir na pergunta sobre Renan. "É importante, presidente", gritaram. Ele não atendeu. "Chega, chega, chega, chega", repetiu, deixando a sala.

Lula encerra daqui a pouco a última etapa de sua viagem aos países nórdicos – Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega -, que teve o objetivo de "vender" os biocombustíveis e apresentar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aos investidores. De Oslo, o presidente embarcará para Madrid, onde permanecerá até segunda-feira.

Pela manhã, Lula participou de cerimônia na qual foi assinado memorando de entendimento entre a Statoil – empresa de petróleo e gás controlada pelo Estado norueguês – e a Petrobrás. O acordo prevê parceria para a produção do etanol de celulose, feito com sobras de colheitas, e exportação do produto para países europeus.

Ainda hoje, na abertura do seminário empresarial "Brasil e Noruega: um encontro de gigantes na área de energia", o presidente disse que o Brasil crescerá 5% nos próximos anos e que a inflação não passará de 4%. "Estamos convencidos de que nós encontramos o denominador comum para garantir que o Brasil se transforme numa nação séria, respeitada economicamente, politicamente e que seja levada em conta nos solos internacionais", argumentou.

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