Em Londrina, Requião volta a atacar líderes do PT

O governador Roberto Requião (PMDB) e o PT estão novamente às turras. Desta vez, o motivo foi o aparte que Requião fez ao discurso do prefeito de Londrina, Nédson Micheleti (PT), ontem pela manhã, quando se declarou incompreendido por alguns petistas.

Requião citou o deputado Paulo Bernardo, o senador Aloisio Mercadante e o presidente nacional do PT, José Genoino, como exemplo do PT que o critica e fomenta o chamado “Risco Requião”. No final da tarde, a bancada do PT na Assembléia Legislativa divulgou uma nota oficial cumprimentando Bernardo pela indicação à presidência na Comissão de Mista de Orçamento, no Congresso Nacional e prometendo reagir com “altivez” às bordoadas do governo estadual ao governo federal.

Ontem, na solenidade em que anunciou a liberação de recursos para obras de saneamento em Londrina, Requião excluiu o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) das queixas. Disse que Lula compreende suas ações e sempre o recebe bem. E que por isso não entendia a razão de ser sempre alvo de críticas de petistas como Mercadante e Bernardo. O governador afirmou que é um “lulista militante” e relembrou que Genoino e Bernardo o atacaram por causa da crise no Porto de Paranaguá, no mês passado.

Requião aproveitou uma deixa dada por Micheleti em seu discurso. O prefeito de Londrina se declarou contrário à municipalização dos serviços de abastecimento de água e saneamento. O governador e lembrou que esta também é a sua posição, reforçada quando decidiu retomar o controle acionário da Sanepar do Consórcio Dominó. Foi aí que o governador resgatou as críticas que recebeu de Mercadante que o acusou de romper contratos e afugentando investimentos.

As declarações de Requião foram feitas em Londrina. Enquanto isso, em Curitiba, os deputados estaduais do partido se reuniam e decidiam que, a partir de agora, vão se posicionar a cada novo petardo do governador ao partido e ao governo federal. “A bancada vai se posicionar porque essas críticas do governador não ajudam em nada. Vamos mostrar a cara do PT com uma bancada mais ativa, altiva e criativa no relacionamento com o governador”, disse o líder da bancada, Elton Welter.

Ele defendeu mais diálogo entre a bancada e o governo do Estado. Na nota que assinou parabenizando Bernardo pela função no Congresso, ressalta as qualidades do correligionário, mas sem mencionar o episódio de Londrina ou fazer referência ao governador. “O deputado Paulo Bernardo reúne experiência, competência e a seriedade que o cargo exige. A indicação reforça a presença do Paraná no cenário político nacional, valorizando a nossa terra e a nossa gente. O reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo deputado Paulo Bernardo é motivo de orgulho para todos os paranaenses”, cita a nota.

Petistas avaliam quadro

A bancada do PT na Assembléia Legislativa realizou ontem uma reunião de avaliação do quadro eleitoral nos municípios e da relação com o governo Requião. O encontro contou com a presença do secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, e do assessor especial do governador, o advogado Daniel Godoy, ambos do PT.

O partido vai disputar as eleições em 391 municípios dos 399 municípios paranaenses. Os petistas terão candidatura própria em 178 municípios e em 44 cidades vão apoiar candidatos de outros partidos, destes 20 serão em aliança com o PMDB. No restante dos municípios, a situação eleitoral ainda não foi definida. O partido pretende priorizar as eleições em 67 cidades, entre elas, Curitiba, Ponta Grossa, Maringá e Londrina. O apoio será nas áreas de planejamento estratégico de campanha, pesquisa, comunicação, marketing e assessoria jurídica.

O PT conta hoje no Paraná com doze prefeitos, quinze vice-prefeitos, 189 vereadores, nove deputados estaduais, seis deputados federais e um senador da República.

Impasse sobre reajuste

A votação do veto do governador Roberto Requião ao pagamento retroativo a fevereiro do reajuste salarial dos professores da rede pública de ensino também entrou na pauta da reunião de ontem da bancada estadual do PT com a direção estadual do partido. Por enquanto, a bancada não fechou posição sobre a matéria, que é o próximo ponto de tensão entre petistas e o Palácio Iguaçu. De acordo com o líder, deputado Elton Welter, os deputados vão continuar insistindo na busca de uma alternativa que possa conciliar a posição do governo com a APP-Sindicato.A tese já vem sendo defendida por um setor da bancada, que não se sente à vontade para votar contra o governo, mas ao mesmo tempo, não quer se indispor com os professores.

Pelo menos três deputados do partido já sinalizaram que se tiverem de decidir entre o governo e os professores – Luciana Rafagnin, Padre Paulo e Tadeu Veneri – votam pela rejeição ao veto. O líder do governo, Natálio Stica, cogita o fechamento de questão na votação para pressionar os dissidentes.

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